Movistar une forças com a Federação Saudita de Ciclismo
De forma surpreendente, a equipe telefônica anunciou o acordo de colaboração com a Federação da Arábia Saudita em um breve comunicado que fala apenas sobre treinamento, desenvolvimento de projetos de ciclismo e apoio a eventos.
Acordo de colaboração entre a Movistar Team e a Federação de Ciclismo da Arábia Saudita
Quando surgiram rumores há algumas semanas da incorporação da Repsol como patrocinadora da equipe de Eusebio Unzue, informação posteriormente desmentida pela própria equipe, havia algo certo sobre a entrada de novos capitais na equipe: havia petrodólares no meio.
Ontem à tarde, de forma totalmente inesperada, a Movistar Team divulgou um breve comunicado anunciando a colaboração entre a Abarca Sports, empresa de gestão da equipe, e a Federação Saudita de Ciclismo.
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De acordo com informações da Movistar Team, o acordo visa desenvolver pessoal técnico, melhorar a cooperação em programas de capacitação, trocar experiências, realizar oficinas regulares e apoiar eventos, corridas e atividades na Arábia Saudita nos próximos anos.
No entanto, em nenhum lugar foi feita referência à contraprestação obtida pela Movistar Team neste contrato ou se inclui qualquer tipo de patrocínio ou investimento econômico na equipe. Tampouco ficou claro se essa colaboração incluirá alguma mudança no nome do time ou em sua camisa característica dominada pelo M do logotipo da companhia telefônica.
O que não tardou foi a crítica generalizada ao acordo com um país acusado de violação sistemática dos direitos humanos no que passou a ser descrito como sportwashing, aludindo à lavagem de imagem através do esporte que se pretende com este tipo de colaboração. Algumas críticas que algumas esquadras como Israel-PremierTech, Bahrain-Victorious ou UAE Team Emirates, incluindo INEOS Grenadiers, tiveram que lidar há anos em relação ao modelo de negócios de seu principal patrocinador.
Houve até especulações sobre o ajuste que poderá ter a presença da equipe feminina de sucesso da Movistar Team, capitaneada pela número 1 do mundo Annemiek Van Vleuten, um país que constantemente negligencia os direitos das mulheres.
Isso coloca a equipe Movistar em uma situação delicada com uma imagem que vem se deteriorando nos últimos anos com episódios como os confrontos com Miguel Ángel López, primeiro em La Vuelta há 2 anos em La Covatilla e que teve um desfecho inesperado com o colombiano desistindo na penúltima etapa na temporada passada.
Tampouco ajudaram a imagem da equipe os constantes desentendimentos com os líderes que passaram por suas fileiras como Nairo Quintana, Mikel Landa, ou Richard Carapaz com uma das principais agencias de representações de corredores do mundo do ciclismo. A isto junta-se a atitude pouco combativa de uma das equipes míticas desta modalidade com mais de 40 anos de trajetória.
Uma imagem que melhorou após a reação na parte final desta temporada, com um papel notável em La Vuelta a España, em que Enric Mas conseguiu subir ao segundo degrau do pódio e algumas últimas corridas que serviram para certificar, na tenacidade e bons resultados, a permanência na categoria World Tour após um ano com a espada de Dâmocles do rebaixamento ameaçando a equipe.
Por sua vez, a Arábia Saudita está imersa nesse processo de lavagem de imagens há anos, injetando enormes quantias de dinheiro em esportes como Fórmula 1, golfe ou futebol. No que diz respeito ao ciclismo, o país árabe colabora desde 2020 com a ASO, empresa organizadora, entre outras provas, do Tour de France, na celebração do Saudi Tour que acontece no início de fevereiro.