Petroleiras apostam no ciclismo

Autoestrada 18/10/22 21:21 Guilherme

Os rumores da chegada da Repsol ou do já confirmado patrocínio da Shell à British Cycling juntam-se à INEOS e à TotalEnergies, sem ficar completamente claro que tipo de receitas as petroleiras procuram no mundo do ciclismo ou se simplesmente é uma mera operação de lavagem de imagem.

O ciclismo recebe de mãos abertas dinheiro do petróleo

Nas últimas semanas, testemunhamos rumores, negados pela equipe, que afirmavam que a Repsol se juntaria à lista de patrocinadores da equipe Movistar no próximo ano.

Assistimos também na última semana ao anúncio da British Cycling do seu acordo de patrocínio para os próximos 8 anos com a Shell com o argumento de que faz parte do seu plano para atingir o equilíbrio de emissões zero até 2050.

A chegada da Shell, como aconteceu em 2019 com o desembarque da INEOS como principal apoiadora da então equipe Sky, uma das equipes mais poderosas do cenário ciclístico, não foi isenta de críticas do campo ambiental que vê nesses movimentos uma mera manobra de esverdeamento das atividades dessas empresas, historicamente ligadas não apenas às mudanças climáticas, atribuídas em grande parte ao consumo de combustíveis fósseis, mas também a diversos desastres ambientais.

De fato, se recorda a intensa campanha de protesto realizada por grupos ambientalistas quando a chegada da INEOS ficou conhecida e que teve sua expressão máxima na estreia deste patrocínio durante o Tour de Yorkshire. Sobretudo, quando uma das últimas campanhas que a equipe realizou sob o nome de Sky se referia à luta contra a presença de plásticos nos oceanos.

Uma política em que não apenas a INEOS ou a Shell parecem ter concordado. Temos também de incluir a TotalEnergies, que centra a sua publicidade associada ao ciclismo no patrocínio, para além da equipe profissional francesa, em diferentes eventos de ciclismo em que procura também captar novos clientes para as suas ofertas de fornecimento de gás e eletricidade e onde, claro, não falta a energia solar, a rota de fuga que muitas dessas empresas estão encontrando diante da incipiente perda de relevância e má imagem dos combustíveis fósseis.

Embora não se trate de empresas petroleiras propriamente ditas, o dinheiro de ouro negro também está presente nas equipes Bahrain Victorious e na todo-poderosa UAE Team Emirates, ambos países que devem sua força econômica ao petróleo bruto que está escondido sob o solo desses pequenos territórios.

Também não podemos esquecer a agora difamada, por causa de sua origem russa, a Gazprom, que até a recente guerra na Ucrânia era a principal patrocinadora de uma das equipes de referência na categoria Pro Team, o segundo escalão do ciclismo.

No entanto, se passarmos ao ponto de vista do mundo do ciclismo, não parece importar muito que a origem dessa importante injeção econômica tenha como fonte o consumo de combustíveis fósseis.

Em um esporte historicamente pressionado por necessidades econômicas, sempre à sombra de outros campos mais profissionais como o futebol e com custos crescentes, qualquer dinheiro que chegue e permita a contratação dos melhores corredores do mercado é bem-vindo.

Nem é que a consciência ecológica tenha muito prestígio neste esporte, especialmente se levarmos em conta que atitudes como jogar garrafas vazias nas sarjetas ou as embalagens das barras e géis com que os ciclistas recuperam forças ao longo das corridas, não foram ações repreensíveis até muito recentemente.

Por outro lado, a utilização de veículos elétricos nas grandes caravanas que acompanham as corridas é algo que, de momento, nem sequer é considerado dadas aos grandes deslocamentos que são obrigados a fazer e que não envolvem apenas a distância das etapas, mas também os traslados muitas vezes extensos de uma etapa para outra.

De qualquer forma, a chegada de dinheiro das petroleiras ao ciclismo, para além das razões que o motivaram, serviram para elevar o nível económico deste esporte, que por um lado servirá para montar equipes com maior poder e, por outro, como costuma acontecer nesses casos, certamente significará um aumento nas diferenças entre as esquadras que têm acesso a esses patrocínios milionários e os que não têm.

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