A importância do avanço do selim

Muitas vezes é uma medida que não costuma ser levada em consideração ao ajustar a bicicleta de forma caseira e que muitos modificam aleatoriamente como meio de aproximar ou afastar o guidão sem considerar as implicações que isso tem na pedalada e no controle da bicicleta. Estamos falando do avanço do selim.

O avanço do selim e o equilíbrio perfeito

No ajuste tradicional da bicicleta, poucos levavam em consideração o ajuste do avanço do selim além do mantra de que o joelho deve estar sobre o eixo do pedal na posição mais avançada. No entanto, o avanço do selim tem outras implicações que geralmente não são consideradas e que, como todos os ajustes feitos nas medidas da bicicleta, podem fazer a diferença entre poder pedalar confortavelmente por horas ou tornar o ciclismo um suplício.

O primeiro aspecto a ser considerado ao ajustar o avanço do selim é que ele altera a posição do ciclista na bicicleta ao longo de seu comprimento. Isso afeta a distribuição do peso entre as duas rodas da bicicleta. Um equilíbrio correto nessa medida é vital para conseguir uma condução suave de nossa máquina, especialmente ao enfrentar descidas.

Um peso excessivo na roda traseira faz com que a direção flutue e perdemos aderência na roda dianteira, criando uma forte sensação de insegurança em cada curva. Por outro lado, se carregarmos muito peso na frente, teremos mais aderência nessa roda, mas o excesso de carga pode dificultar a entrada nas curvas, sem falar no que sofreremos ao tentar conectá-las, tendo que fazer constantes mudanças de direção. Além disso, teremos menos tração na roda traseira se o asfalto estiver sujo ou molhado.

O avanço do selim também tem implicações na pedalada, podendo causar sobrecargas nos tendões do joelho se nos afastarmos da vertical ao aplicar a maior força. Um excesso de avanço também afeta na medida em que o quadril faz maior flexão a cada pedalada, ou seja, a perna se aproxima excessivamente do corpo. Devemos ter em mente que quando a flexão é excessiva, a força de extensão que somos capazes de produzir é muito menor, o que claramente diminui a eficiência de cada pedalada no início do ciclo.

Além disso, ao modificar o avanço do selim, também varia a posição em relação ao guidão, podendo nos fazer ficar muito esticados ou carregar muito peso nos pulsos. Felizmente, também é uma medida que permite uma certa margem de tolerância. Em todo caso, o próprio corpo tenta encontrar a posição ideal deslocando-se sobre o selim para encontrar a melhor pedalada, embora isso geralmente signifique que se o avanço não estiver bem ajustado, não nos sentaremos corretamente no selim, causando desconforto. Na verdade, grande parte dos problemas que muitos atribuem ao selim geralmente são causados por essa razão.

Medir e ajustar

Ao ajustar o avanço do selim, devemos levar em consideração vários parâmetros. O primeiro e principal é medir o próprio avanço. Tradicionalmente, isso foi feito puxando um prumo da ponta do selim e medindo a distância horizontal até o eixo do pedivela. No entanto, os selins modernos com o nariz recortado modificam todas as referências que poderíamos ter.

Evidentemente, nada substitui uma análise biomecânica dinâmica ao realizar um ajuste preciso dessa medida, mas ainda temos o dilema de como medir para poder replicar do cavalete de medição para nossa bicicleta. Embora existam muitos critérios, o que costuma funcionar com uma margem de erro aceitável para a maioria dos selins do mercado é marcar o ponto médio do selim e usá-lo como referência, aliás, um ponto que também devemos usar ao ajustar a altura do mesmo.

Ao medir, continuaremos usando o método habitual de puxar um prumo, embora devamos ter cuidado para que não entre em contato com nenhuma parte da bicicleta, o que poderia distorcer a medição. Se tivermos um nível laser, algo mais comum hoje em dia entre os entusiastas do bricolage, as coisas se simplificam muito e será mais fácil obter uma medida precisa.

Para futuros ajustes, um bom truque é marcar com um pouco de fita adesiva a posição nos trilhos para que, se o selim se mover ou modificarmos algo, tenhamos uma referência clara da quantidade do mesmo.

Ao ajustar o avanço do selim, não devemos esquecer que essa medida afeta a altura do mesmo em relação ao pedivela ao ser feita em linha reta e não em um arco. Portanto, uma vez ajustado o selim, provavelmente teremos que subir alguns milímetros a altura se o avanço foi para frente ou abaixá-lo se o ajuste consistiu em aumentar o avanço.

Como saber se o avanço/retração do selim está bem ajustado

Novamente, recorremos à utilidade de uma análise biomecânica que nos garantirá que temos as medidas adequadas na bicicleta, incluindo o avanço do selim.

No entanto, em casa, há vários aspectos nos quais podemos nos concentrar, começando por verificar a distribuição do peso entre os eixos. Para isso, devemos ter em mente que nosso centro de gravidade ao pedalar geralmente cai aproximadamente na vertical de nossas escápulas. Com a ajuda de alguém, verificaremos se a parte superior das mesmas está o mais próxima possível da vertical do eixo do pedivela.

Com o selim nessa posição, é importante verificar se não estamos nem muito esticados nem muito encolhidos na bicicleta. O primeiro é fácil de detectar se tivermos que segurar as alavancas com os braços totalmente esticados ou se não conseguirmos segurar facilmente a curva do guidão. O segundo geralmente causa desconforto na parte superior das costas e fica evidente em uma flexão excessiva dos cotovelos.

No entanto, o ponto chave para validar o ajuste será a própria pedalada. Teremos acertado se pudermos pedalar por um bom tempo sem nos movermos no selim. Se tendemos a ir para a frente ou sentimos que falta selim atrás, é um sinal de que devemos revisar o ajuste do avanço, embora, como já mencionamos, sempre tendo em mente que qualquer modificação afeta outros parâmetros.