O que acontece se você ultrapassar sua frequência cardíaca máxima? Riscos de se colocar no limite

Apesar de os potenciômetros terem se imposto como ferramenta para quantificar o esforço, a frequência cardíaca continua sendo uma ferramenta que nos fornece dados muito úteis para conhecer a resposta do organismo ao esforço e evitar nos colocarmos no limite alcançando a frequência cardíaca máxima, o que poderia nos levar a enfrentar riscos para nossa saúde.

A frequência cardíaca máxima, quando seu coração chega à zona vermelha

Tradicionalmente, a resposta do coração tem sido utilizada para quantificar a intensidade da pedalada. Uma intensidade que tem um limite, o que define a frequência cardíaca máxima, ou seja, o ritmo mais alto que o coração pode bater. Como o nome indica, em condições normais esse número não pode ser ultrapassado, por mais que aumentemos o esforço.

A frequência cardíaca máxima é um fator que diminui com a idade, em menor medida em pessoas bem treinadas e, em princípio, não faz diferença no que diz respeito ao desempenho entre alguém que atinge uma frequência cardíaca máxima muito alta e alguém que atinge menos. Simplesmente marca a linha vermelha do ritmo máximo que o coração pode contrair.

Para quantificar esse número, muitas vezes é utilizada a fórmula 220-idade, que nos devolve nossas máximas pulsações teóricas. No entanto, esse número foi desenvolvido levando em consideração a população sedentária, então em atletas costuma haver muita variabilidade de um indivíduo para outro. A única forma de conhecê-lo com plena segurança é realizando um teste de esforço incremental máximo.

De qualquer forma, atingir as pulsações máximas não costuma ser comum, e geralmente só é alcançado quando fazemos um esforço intenso estando fora de forma, por exemplo, as típicas corridas no início da temporada, onde a adaptação cardiovascular ainda é pobre e as pulsações disparam ao mínimo. Uma vez que passa o período de base e melhoramos nossa forma, o organismo precisa que o coração bata menos rapidamente para fornecer os nutrientes necessários aos músculos e nem mesmo em competição, exceto talvez em um sprint em subida no limite, as pulsações máximas são vistas.

No entanto, é possível ultrapassar as pulsações máximas apesar do que o nome indica. Um exemplo claro disso é o ciclista Ondrej Cink que há alguns anos, na Copa do Mundo disputada em Vallnord, teve que parar quando começou a ver picos de 230 pulsações em seu ciclocomputador. Picos causados por uma arritmia cardíaca pela qual Cink foi operado, embora sem o resultado desejado.

É precisamente aqui que entra a questão do risco que pode representar espremer o corpo ao máximo, especialmente se não tivermos a preparação adequada. O fato de o coração bater no máximo de seu regime não deveria representar nenhum problema em indivíduos saudáveis, no entanto, existem patologias cardíacas que só se manifestam quando o coração se aproxima de sua frequência cardíaca máxima, como as mencionadas arritmias.

Por isso, todo atleta que vá realizar atividade de alta intensidade, especialmente a partir dos 35 anos ou aqueles que tenham antecedentes familiares de problemas cardíacos ou eles mesmos tenham parâmetros de risco como hipertensão, colesterol alto, sobrepeso, fumantes, etc. devem passar antes de começar seu treinamento por um teste de esforço no qual se verifica, em condições controladas de laboratório, a resposta do organismo quando se aproxima do limite.

Dessa forma, garantimos em alto percentual, nunca a 100% já que existem patologias que nem mesmo se manifestam com esse tipo de testes, que podemos nos esforçar ao máximo sem medo de sofrer um problema cardíaco que, se acontecesse no meio do mato pedalando sozinho, poderia representar um grave risco.