Ter fome pode ser genético

O que normalmente atribuímos ao metabolismo pode ser genética, de acordo com os pesquisadores. Pelo menos, é uma tendência de atribuir ao metabolismo aspectos que podem não corresponder a ele. Ou seja, muitas vezes culpamos os problemas de peso e massa corporal como consequência de um determinado metabolismo. Mas talvez seja apenas genética, e saber disso pode nos ajudar a regular melhor a saciedade.

Genes da saciedade: como a genética influencia seu apetite

É verdade que o conhecimento constante e as pesquisas recorrentes em torno do DNA humano ainda é um mundo a ser descoberto. Vários estudos confirmam certas noções: que o metabolismo tem uma grande influência no peso; e que a genética, por sua vez, tem uma alta incidência no metabolismo; mas também que a própria genética influencia definitivamente a saciedade. Assim, é muito importante que você aplique regras nutricionais em sua rotina de ciclista, mas também é possível que seja mais ou menos difícil para você controlar sua saciedade e seu peso, do que outro ciclista que aplica as mesmas regras.

Um estudo de 2019 do British Biobank apontava nessa direção: a genética tinha muito a ver não só com a questão do peso, mas também com a saciedade.

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Já é comprovado cientificamente que a obesidade, como a pior das consequências dessas configurações genéticas, é hereditária. Mas esses novos estudos esclarecem as razões: trata-se principalmente de uma pontuação poligênica de todo o genoma que define a saciedade que tem.

Simplificando: dependendo de seus genes, sua saciedade pode ser anterior ou posterior. Isso faz com que existam pessoas que dificilmente encontram à saciedade enquanto comem, e só param quando terminam sua porção. Enquanto isso, também há pessoas que comem pouco e perdem o apetite, pois sua saciedade chegou ao ponto de alertar o cerebelo, que se encarrega de administrá-la.

O estudo, intitulado “Previsão poligênica das trajetórias de peso e obesidade do nascimento à vida adulta”, contou com a assinatura de até 6 profissionais da instituição médica, e assim foi concluído. De acordo com eles, estilos de vida ou metabolismo subestimaram a genética.

E esse curioso gene chama-se MC4R, cujas mutações podem levar, entre outras, a uma alteração da sensação de saciedade. O estudo foi contrastado com mais de 300 estudos de caso e deu um valor relativo de 6%, o que significa que 6 em cada 100 pessoas poderiam sofrer alguma alteração deste tipo.

Não se trata apenas de apetite: genética e o metabolismo

Há alguns anos, outro estudo da University College of London também apontava nessa direção, mas em relação a outro gene, o FTO, que bloqueava o sinal de saciedade por meio da alteração da grelina, o hormônio da fome.

A abundância desses estudos tem uma fonte: a obesidade tornou-se um dos grandes problemas das sociedades desenvolvidas. De fato, no nosso país estima-se que entre 38 e 40% dos menores sofram de obesidade, de acordo com um estudo do Institut de Salut Global de Barcelona.

A capacidade humana de modificar quimicamente os componentes dos alimentos (que é o metabolismo) e sua produção e queima de energia estão relacionadas aos nossos genes. Mas há boas notícias: nem tudo são genes. Existem alimentos, sim, que podem retardar ou acelerar o seu metabolismo, e é bom conhecê-los.

Uma dieta saudável e exercícios regulares reduzem o risco de obesidade, conforme afirma um estudo do Centro de Investigación Biomédica en Red. Este estudo descobriu que esses bons hábitos também podem modificar a predisposição genética para a obesidade. Portanto, devemos insistir: a genética influencia, mas não predetermina.