Tadej Pogacar praticamente garante a vitória no Giro d'Italia 2024
De exibição em exibição. Assim pode-se qualificar o Giro d'Italia 2024 que nos está presenteando Tadej Pogacar, que não se contentou em defender a enorme vantagem que já possui na classificação geral, mas permitiu-se aumentar quase mais 3 minutos para seus rivais na classificação geral, que já assumem que a única luta possível será pelo segundo e terceiro lugar.
Nairo Quintana volta a ser protagonista no dia em que Pogacar sentencia o Giro d'Italia 2024
Primeira das etapas rainhas do Giro d'Italia 2024, jornada com um percurso daqueles que já não se vê, à moda antiga. Autêntico granfondo com 222 quilômetros que levavam os ciclistas de Manerba del Garda até o coração dos Alpes, mais precisamente a Livigno, local habitual de treinamento e concentrações em altitude para grande parte do pelotão, com um desnível acumulado aterrorizante de 5.400 m de desnível.
Um percurso com três terços claramente diferenciados. Uma primeira parte em que se ligavam as subidas de Lodrino e Colle San Zeno, classificadas de terceira e segunda categoria respectivamente, onde, provavelmente, se formaria a fuga do dia. Uma parte central de vale, sempre subindo até chegar ao pé do mítico Mortirolo que, desta vez, foi subido pela sua face mais amena, a que começa na localidade de Monno e pela qual a corrida habitualmente desce. A partir daí, novamente em constante subida, vale acima para enfrentar o Passo di Foscagno e os últimos quilômetros até Livigno com a armadilha final da chegada às pistas de esqui de Mottolino, como é habitual nestas chegadas, com rampas de até 20%.
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Apesar dos ataques desde o início, a corrida começou com uma calma incomum, talvez pela cautela do que estava por vir. Isso propiciou que rapidamente se formasse uma fuga inicial de 12 integrantes, entre os quais se destacavam nomes como Pithie ou Calmejane. A situação não agradava à Cofidis, apesar de contar com um homem no grupo, que puxava para reduzir a diferença antes da subida a Lodrino.
Como não poderia deixar de ser, o início desta subida marcou o início dos ataques, agora sim, com nomes de maior relevância, formando-se um grupo de nada menos que 50 unidades, algo completamente atípico, embora, por não estar nenhum perto na classificação geral, com Storer como melhor classificado a mais de 9 minutos, o pelotão deixou fazer, embora com moderação, nunca chegando a ter mais de 5 minutos de vantagem. Encontrávamos neste grupo ciclistas de qualidade como Geschke, Juanpe López, Nairo Quintana, Pelayo Sánchez, Julian Alaphilippe, Luke Plapp... que conseguiam alcançar a cabeça na cima do Colle San Zeno.
Na descida desta segunda subida do dia, destacava-se um grupinho com 6 ciclistas que seguiriam até o Mortirolo. Um trecho de transição por estrada em um contínuo falso plano, sempre ganhando metros no acumulado da etapa. Uma zona em que a UAE Team Emirates finalmente fazia sua aparição na cabeça do grupo para começar a controlar a corrida e impor o ritmo ao gosto de Tadej Pogacar.
Quase nada acontecia na subida ao Mortirolo além da habitual seleção natural entre os fugitivos que reduzia o número dos presentes na cabeça, enquanto no pelotão o ritmo continuava moderado. Prova disso é que um gigante como Filippo Ganna conseguia coroar esta subida junto com o resto de seus companheiros quando o normal, para um ciclista de suas características, seria rodar a essas alturas da etapa já no grupetto.
Descida veloz para o vale de Valtellina em direção a uma cidade com tanto sabor ciclista como Bormio. Novamente, apesar de ser estrada de fundo de vale, sempre em constante subida e com o desgaste acumulado de uma distância que aos poucos se aproximava dos 200 quilômetros percorridos.
Na verdade, nem foi preciso chegar à subida ao Passo di Foscagno para ver como a fuga começava a se desintegrar nos duros repechos que pontilham a estrada que leva a Livigno, ficando, no pé da montanha, apenas 9 sobreviventes daquele numerosíssimo grupo que escapava no início da etapa.
Já nas rampas de Fosagno, Georg Steinhauser foi o primeiro a se animar a lançar seu ataque, destacando-se rapidamente para abrir uma lacuna de um minuto. Também tentava Attila Valter, que ficava entre duas águas e, um pouco mais adiante, era Michael Storer quem saía do grupo e se juntava à sua roda um Nairo Quintana a quem não tinha dado folga em toda a etapa.
Alcançavam facilmente Valter e iam atrás de Steinhauser até o momento em que a redução da distância começou a estagnar e foi o momento que o colombiano escolheu para lançar seu ataque. Uma situação que coincidiu exatamente quando, com certeza, chegava a eles pelos fones de ouvido que no pelotão, o penúltimo homem da UAE Team Emirates se afastava e era Rafal Majka quem assumia a liderança e começava a impor aquele ritmo típico de lançamento para, apenas um minuto depois, ver como Tadej Pogacar lançava um ataque contundente ao qual ninguém fazia o menor gesto de resposta.
Nairo Quintana alcançava o ciclista da EF Education-EasyPost, tornando-se o líder da corrida, transformando o final da etapa em uma emocionante perseguição em que o colombiano teria uma vitória extremamente complicada, dada a velocidade demolidora que Pogacar trazia por trás. Rapidamente o esloveno alcançava os sobreviventes da fuga, dos quais apenas Attila Valter tentava timidamente se agarrar à sua roda e conseguia alcançar Steinhausser já com a cima de Foscagno à vista. Uma subida que Nairo Quintana coroava com apenas 35 segundos de diferença para o esloveno.
Um par de quilômetros de descida nos quais Nairo recuperava vários segundos arriscando em cada curva antes de enfrentar a subida final onde não teve nenhuma chance, sendo alcançado por Tadej Pogacar sob a faixa de 2 quilômetros para a conclusão, pouco antes de iniciar o trecho final aterrorizante onde Tadej Pogacar não parecia sofrer apesar das rampas de dois dígitos e que o levava a cruzar exultante e vitorioso a meta com uma celebração que denotava que ele já sabe que é o vencedor virtual do Giro d'Italia quando ainda falta mais de uma semana de corrida.
Por trás, o desgaste do dia cobrava seu preço de homens como O'Connor ou um Daniel Felipe Martínez que se agarrava como podia à roda de Thomas, que, por sua vez, seguia a de seu companheiro Arensman, que perseguia um Romain Bardet que tentava ganhar alguns segundos. Apenas ataques e ritmos de sobrevivência em uma etapa dantesca que os levava a cruzar a meta quase 3 minutos depois de Tadej Pogacar.
Classificação Etapa 15
- Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) 6h11'41''
- Nairo Quintana (Movistar Team) +29''
- Gerog Steinhauser (EF Education-EasyPost) +2'32''
- Romain Bardet (DSM-Firmenich-PostNL) +2'48''
- Daniel Felipe Martínez (Bora-Hansgrohe) +2'51''
- Geraint Thomas (INEOS-Grenadiers) +2'51''
- Einer Rubio (Movistar Team) +2'59''
- Ben O'Connor (Decathlon-AG2R La Mondiale) +2'59''
- Thymen Arensman (INEOS-Grenadiers) +3'08''
- Jan Hirt (Soudal-QuickStep) +3'21''
Classificação Geral
- Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) 56h11'46''
- Geraint Thomas (INEOS Grenadiers) +6'41''
- Daniel Felipe Martínez (Bora-Hansgrohe) +6'56''
- Ben O'Connor (Decathlon-AG2R La Mondiale) +7'43''
- Antonio Tiberi (Bahrain-Victorious) +9'27''
- Thymen Arensman (INEOS Grenadiers) +9'45''
- Romain Bardet (DSM-Firmenich-PostNL) +10'49''
- Filippo Zana (Jayco-AlUla) +11'11''
- Einer Rubio (Movistar Team) +12'13''
- Jan Hirt (Soudal-QuickStep) +13'11''