Subir sentado ou em pé, qual é melhor?
Quando pensamos em um ciclista subindo uma montanha, todos temos a imagem do sofrido escalador se contorcendo em pé sobre os pedais para fazer a bicicleta avançar penosamente. Uma imagem romântica que no ciclismo atual é cada vez menos comum. No entanto, essa é a melhor técnica para escalar? Como em muitos aspectos do ciclismo, a resposta é "depende".
Em pé ou sentado, como render mais nas subidas
A técnica que os ciclistas de estrada utilizam nas subidas tem variado muito ao longo das décadas. O principal motivo está na evolução dos desenvolvimentos das bicicletas, que permitiram aos ciclistas ter alcance suficiente para enfrentar inclinações que antes eram consideradas intransponíveis em cima de uma bicicleta.
Não podemos esquecer que, até os anos 90, as bicicletas de estrada costumavam ter um prato pequeno de 42 dentes e apenas 6 pinhões, sendo o maior deles raramente superior a 23. Com esse material, obviamente, ao enfrentar inclinações acima de 10%, por mais forte que fosse o ciclista, não havia outra alternativa senão ficar em pé simplesmente para poder continuar pedalando.
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Dicas para subir mais rápido na estrada
Foi Lance Armstrong quem começou a mudar o paradigma e passou a usar cadências mais altas, permanecendo sentado por muito mais tempo, conforme descrevia seu treinador Chris Carmichael, tentando imitar os ciclistas de mountain bike cuja técnica de subida era mais eficiente, o que lhe permitiu superar a perda de força após vencer o câncer.
Atualmente, é muito mais comum ver os ciclistas subindo sentados na maior parte do tempo, algo que podem se dar ao luxo de fazer, já que todos contam com pinhões com mais de 30 dentes e, como demonstram diversos estudos de laboratório, subir sentado significa até 10% menos esforço quantificado no consumo de oxigênio necessário.
Isso ocorre porque subir em pé envolve uma maior implicação muscular, não apenas das pernas, mas também dos músculos do tronco, o que se traduz, obviamente, em um maior gasto energético. Portanto, a regra geral é subir sentado o máximo de tempo possível.
No entanto, subir em pé significa que podemos fornecer mais potência aos pedais, o que pode ser uma vantagem nos momentos decisivos de uma corrida e aí entra o "depende" que mencionamos no início. Não é a mesma coisa subir em uma subida suave indo na roda, onde os watts extras que obtemos ao ficar em pé mal farão diferença, do que em uma rampa próxima a 20%, onde cada watt conta.
O tipo de ciclista também é realmente importante na hora de escolher o estilo de escalada, pois para um escalador pequeno e leve, pedalar em pé mal significa um esforço extra, enquanto para alguém mais corpulento a diferença entre ficar em pé e sentado é maior.
O tipo de subida também é relevante e em subidas longas, por mais difíceis que sejam, não é comum ver os escaladores subindo em pé, enquanto em subidas curtas e explosivas, onde se busca a máxima potência, é comum ver os ciclistas em pé nos pedais.
Não podemos esquecer de outro parâmetro relevante no ciclismo atual, que é a aerodinâmica. Não faz muito tempo que era comum ver os ciclistas abrindo a camisa nas subidas e subindo em pé nos pedais. Hoje, principalmente nas velocidades incríveis em que se sobe, especialmente quando a inclinação não ultrapassa os 8%, a aerodinâmica se torna um fator chave, um parâmetro que, obviamente, é maximizado permanecendo perfeitamente acoplado à bicicleta, então ficar em pé também significa desperdiçar watts na luta contra o vento.
No entanto, como explicamos antes, ficar em pé ainda é um recurso para momentos pontuais ou simplesmente para relaxar um pouco a musculatura durante longas subidas, embora a biomecânica também tenha feito com que isso seja cada vez menos necessário para o ciclista.