Primoz Roglic começa a colocar as coisas no lugar na Vuelta a España 2024

A dura etapa de dois dias atrás nos deixou muitas dúvidas sobre o estado de forma de Primoz Roglic, dúvidas que o esloveno se encarregou de dissipar no final duríssimo em Sierra de Cazorla em um dia que não se previa que os homens da geral disputassem, por ser a antessala da primeira etapa de montanha da Vuelta 2024. Um Enric Mas na defensiva se torna agora o principal rival do esloveno.

Banho de realidade para Ben O'Connor na meta da 8ª etapa da Vuelta 2024 com final em Cazorla

Dizíamos antes do início da Vuelta a España 2024 que a média montanha ia desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da corrida, mas não podíamos imaginar até que ponto. Se há alguns dias era Ben O'Connor quem aproveitava este terreno tão característico da geografia espanhola e historicamente subutilizado nos percursos da corrida, hoje era Primoz Roglic quem lhe devolvia o favor após a curta mas duríssima subida à Ermita de la Virgen de la Cabeza no coração da Sierra de Cazorla, que pôs fim a uma etapa sem um metro plano que partiu de Úbeda e que se disputou a mil por hora.

E é que, à partida, tudo apontava para que este fosse um dia para uma fuga, tendo em conta que amanhã espera a tremenda etapa de Sierra Nevada, uma das etapas rainhas da Vuelta 2024. Na verdade, correu-se muito com muitos ciclistas tentando alcançar uma fuga que não se consolidava. Mais de 60 quilômetros demoraram a formar-se, quase metade da etapa, consolidando-se um grupo de 8 ciclistas com Sam Oomen, Oier Lakano, Mauro Schmid, Gijs Leemreize, Luca Vergallito, Mathis Le Verre, Ion Izagirre e, como melhor classificado, Harold Tejada, que obrigou a Decathlon-AG2R La Mondiale a trabalhar para evitar que pudesse assumir a liderança.

A partir deste ponto, a etapa acalmou, mas com uma calma tensa de constante puxa e afrouxa entre o pelotão e os fugitivos, mantendo a vantagem destes em torno de quatro minutos e meio. No entanto, reinava o entendimento na frente, mesmo na subida ao Alto del Mirador de las Palomas, que coroava a cerca de 50 quilômetros da conclusão. Uma paz que terminava durante a descida, onde Mauro Schmid acendia os ânimos, embora tudo se reagrupasse no final, onde também tentava Oier Lazkano após sofrer durante uma descida técnica para seguir a roda, talvez condicionado pela queda dura que sofreu no final da etapa de ontem.

A situação mudava no pelotão quando a Israel-PremierTech entrava em colaboração com a Decathlon-AG2R La Mondiale na frente do grupo, o que significava que a diferença dos fugitivos começava a diminuir consideravelmente, o que resultou em ataques entre os fugitivos ao sentirem a respiração do pelotão. Destacavam-se no início da subida final à Sierra de Cazorla Oier Lazkano, Harold Tejada e Luca Vergallito, embora, neste ponto, já fosse claro que não iriam chegar.

De fato, à medida que a subida começava, Primoz Roglic assumia a liderança em primeira pessoa, endurecendo tremendamente o grupo e fazendo uma primeira seleção facilitada por um engate na curva fechada que dava acesso ao início da subida nas próprias ruas da vila de Cazorla. Após essa primeira rampa, o esloveno contemporizava um pouco, o que provocava o reagrupamento. Uma primeira aceleração que Ben O'Connor aguentava inicialmente, parecendo crescido ao vestir a camisola vermelha da Vuelta 2024.

No entanto, não passaria de uma ilusão. Uma segunda e contundente arrancada de Primoz Roglic fazia o australiano ceder, que encontrava uma ajuda inestimável em seu companheiro Felix Gall, embora insuficiente para recuperar o terreno perdido, de fato, começava uma sangria de tempo que o levaria a ceder mais de 40 segundos na linha de chegada.

Também prejudicado por este primeiro ataque estava o líder da UAE Team Emirates Joao Almeida, que já havia sido visto ao longo da etapa na cauda do pelotão e se descolava do grupo, cedendo todas as suas chances na geral logo de início. Quase 5 minutos perderia na conclusão.

Enquanto isso, Enric Mas se afirmava como o ciclista mais em forma depois de Roglic, agarrando-se facilmente a cada mudança de ritmo do Red Bull-BORA-hansgrohe e, algumas dezenas de metros atrás, perseguia um voluntarioso Mikel Landa, que nem cedia mais nem conseguia alcançar a cabeça.

Chegavam quase em paralelo aos últimos centenas de metros, com inclinações assustadoras onde Enric Mas, após limitar-se a seguir a roda, passava para a frente tentando encontrar a melhor posição nas curvas antes da meta. Por pouco não deu certo, mas um habilidoso Primoz Roglic conseguiu encontrar o espaço no momento certo para fazer valer sua ponta de velocidade e garantir com facilidade e total merecimento sua segunda etapa na Vuelta 2024, que, além disso, consegue desferir um golpe psicológico duro em um Ben O'Connor que, apesar do revés, ainda mantém a camisola vermelha com uma vantagem suculenta.

Classificação Etapa 8

1. Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) 3h38'34''
2. Enric Mas (Movistar Team) +00''
3. Mikel Landa (TRex-QuickStep) +14''
4. Antonio Tiberi (Bahrain-Victorious) +17''
5. Mattias Skjelmose +21''
6. Carlos Rodríguez (INEOS Grenadiers) +21''
7. Harold Tejada (Astana) +24''
8. Eddie Dunbar (Jayco-AlUla) +26''
9. Lennert Van Eetvelt (Lotto-Dstny) +29''
10. Jack Haig (Bahrain-Victorious) +29''

Classificação Geral

1. Ben O'Connor (Decathlon-AG2R La Mondiale) 31h23'27''
2. Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) +3'49''
3. Enric Mas (Movistar Team) +4'31''
4. Antonio Tiberi (Bahrain Victorious) +5'00''
5. Mikel Landa (TRex-QuickStep) +5'13''
6. Lennert Van Eetvelt (Lotto-Dstny) +5'15''
7. Cristian Rodríguez (Arkéa-B&B Hotels) +5'19''
8. Mattias Skjelmose (Lidl-Trek) +5'24''
9. Florian Lipowitz (Red Bull-BORA-hansgrohe) +5'25''
10. Felix Gall (Decathlon-AG2R La Mondiale) +5'26''