Proteína e ciclismo a partir dos 40: por que suas necessidades mudam (e como ajustá-las para ter um melhor desempenho)
Quando falamos sobre desempenho ciclista a partir de certa idade, digamos 40 anos, quase sempre se menciona a perda de potência, a fadiga, as dores ou a diminuição da massa muscular como algo inevitável. Mas há um fator silencioso e fundamental que explica grande parte desse declínio: o corpo já não utiliza a proteína da mesma forma que antes.
A idade muda como usamos a proteína
A partir de certa idade, precisamos de mais proteína, melhor distribuída e de maior qualidade para manter a força, a recuperação e a capacidade de gerar potência na bicicleta. Aqui explicamos por que isso acontece, quanta proteína você realmente precisa e como organizar sua alimentação para continuar rendendo como deseja.
À medida que envelhecemos, o corpo experimenta o que é conhecido como resistência anabólica: uma menor capacidade de usar a proteína da dieta para construir e reparar músculos. Antes, uma refeição normal e uma sessão de treino podiam ativar a síntese de proteína muscular com facilidade; agora, o estímulo é mais fraco.

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Neste tópico, analisamos por que esse fenômeno ocorre, como afeta o ciclista e por que um ajuste nutricional pode fazer a diferença entre perder potência ou continuar melhorando mesmo após os 40.
A partir dos 40-45 anos, essa resistência anabólica faz com que os músculos respondam menos ao estímulo do exercício e da proteína. Isso se traduz em duas necessidades claras:
- você precisa de mais proteína por refeição para ativar a construção muscular;
- você precisa distribuí-la melhor ao longo do dia, evitando grandes picos em uma única refeição.
Se você não fizer isso, seu corpo começará a perder massa muscular mesmo treinando, algo que afeta diretamente o desempenho no ciclismo.
Por que isso importa especialmente para ciclistas
Este bloco explica de forma simples e direta por que o ciclismo — como esporte de resistência e alto gasto energético — é especialmente sensível a essas mudanças relacionadas à idade. Aqui é importante entender que não se trata apenas de “perder potência”, mas de como a falta de massa muscular afeta a postura, a estabilidade e a capacidade de suportar longas horas sobre o selim.
O ciclismo é um esporte que gasta músculo. Horas de pedalada, um movimento repetitivo e a predominância do trabalho aeróbico fazem com que, com os anos, seja mais difícil manter a massa muscular se não houver proteína suficiente. Além disso, a postura sobre a bicicleta não estimula de forma ótima a musculatura do tronco e das costas, por isso qualquer déficit proteico é notado antes do que em outros esportes.
Para o ciclista mais velho, mais proteína significa:
- mais potência sustentável,
- menos fadiga na região lombar,
- menor risco de lesão,
- e melhor recuperação entre os treinos.
Quanta proteína você realmente precisa a partir dos 40?
Antes, bastava seguir as recomendações gerais, mas a ciência mudou radicalmente essa visão. Este tópico explica por que os requerimentos aumentam, de onde vêm esses números e como aplicá-los de acordo com seu nível de treinamento.

As recomendações clássicas de 0,8 g/kg por dia são insuficientes para qualquer pessoa fisicamente ativa acima dos 40. Hoje se sabe que um ciclista dessa idade precisa de mais proteína para contrabalançar a resistência anabólica e manter a massa muscular.
Os números atualizados são:
- 1,2 a 1,6 g/kg/dia para ciclistas recreativos ou com treinos regulares;
- 1,8 a 2 g/kg/dia quando se combina ciclismo com força, alta intensidade ou competição.
Isso significa que um ciclista de 70 kg deveria consumir entre 85 e 120 g de proteína diários, distribuídos de forma equilibrada nas refeições principais.
A distribuição importa mais que a quantidade total
Aqui explicamos que não basta chegar ao total diário: o crucial é como a proteína é distribuída. Introduzimos o conceito do limiar por refeição, a importância de evitar cafés da manhã pobres e jantares excessivos, e como isso afeta diretamente a síntese muscular.
Diferente do que ocorre com os carboidratos, a proteína não funciona por acumulação; funciona por “pulsos”. Cada refeição deve superar um limiar mínimo para ativar a síntese de proteína muscular. Se não o alcançar, essa refeição “não conta” do ponto de vista da recuperação.
Esse mínimo está entre 25 e 35 g de proteína por refeição, idealmente três ou quatro vezes ao dia.
Portanto, o típico padrão de “café da manhã pobre, almoço normal, jantar abundante” não só é ineficaz: é contraproducente para o ciclista mais velho.
Que tipo de proteína é melhor para ciclistas mais velhos?
Este tópico introduz a classificação e explica por que nem todas as proteínas são iguais. Antes de entrar em exemplos concretos, é importante contextualizar: o objetivo não é apenas chegar a um número, mas consumir fontes que forneçam leucina, aminoácidos essenciais e boa digestibilidade.

Existem diferentes tipos de proteína e nem todas estimulam a recuperação da mesma maneira. As melhores opções dependem tanto de sua qualidade nutricional quanto de sua capacidade de ativar a síntese de proteína muscular.
Proteína animal
Alta em aminoácidos essenciais e muito rica em leucina, ou seja, muito eficaz para ativar a reparação muscular. Ovos, iogurte grego, peixes ou carnes magras são opções perfeitas para ciclistas mais velhos.
Proteína vegetal
Saudável e eficaz, mas precisa de uma boa combinação (leguminosas + cereais, tofu + nozes) para alcançar a mesma resposta anabólica.
Proteína em pó
É muito útil no pós-treino ou em dias de carga. A proteína de soro (whey) é a mais rápida; a caseína é ideal à noite porque é absorvida lentamente; e as proteínas vegetais podem ser uma boa alternativa em dietas sem laticínios.
Como organizar um dia perfeito de proteína para um ciclista acima de 40
Antes de dar exemplos concretos, aqui vemos a importância de estruturar a ingestão proteica em torno do treinamento e das refeições-chave. Ou seja, por que um dia “bem distribuído” é mais eficaz do que um com muita proteína apenas à noite.
A chave é que cada refeição principal forneça proteína suficiente e que a primeira do dia não seja pobre. Se você ajustar isso, sua recuperação e sua energia na bicicleta melhorarão de forma notável.
Café da manhã (30-35 g)
Omeletes, iogurte alto em proteínas, shakes com whey ou tofu, aveia enriquecida com claras, etc.
Almoço (30-35 g)
Peixes, frango, leguminosas combinadas com cereais.
Jantar (30 g)
Peixe, ovo ou proteínas vegetais bem combinadas.
Antes de dormir (opcional, 20-25 g)
Caseína, iogurte natural, ricota.
E em dias de treinamento intenso, o que muda?
Aqui explicaremos que o timing importa mais quando o treinamento inclui intensidade ou força. A importância do pós-treino, a janela de recuperação e como otimizar a ingestão proteica para evitar fadiga acumulada.
Em dias de séries, força ou saídas longas, a proteína desempenha um papel mais imediato:
- Pós-treino imediato: 20-30 g de proteína de rápida absorção.
- Refeições principais mais completas: adicionar 5-10 g extras.
- Jantar equilibrado: proteína suficiente para reparar o dano muscular.
Também é fundamental que a proteína venha acompanhada de carboidratos para maximizar a recuperação.
O que acontece se você não ajustar a proteína ao envelhecer
Muitas vezes, o ciclista culpa a idade quando o problema é nutricional. Quando a proteína não é ajustada às novas necessidades, o corpo não consegue reparar o músculo como antes. O resultado é um deterioro progressivo que não tem a ver com a idade, mas com a falta de estímulo nutricional.
Sinais típicos:
- perda de força,
- recuperação lenta,
- dores articulares,
- menos potência em subidas,
- fadiga lombar,
- descidas com pior controle.
Tudo isso pode ser revertido ajustando a proteína e o treinamento.
A força é o outro pilar: proteína sem estímulo não funciona
A proteína é apenas uma parte do processo. A outra parte é o treinamento de força, sem o qual o corpo não pode usar adequadamente a proteína extra. A proteína é a matéria-prima, mas a força é o sinal que diz ao corpo o que fazer com ela.
A partir dos 40, o treinamento de força é imprescindível para manter a massa muscular e a potência. O ideal é realizar 2-3 sessões semanais, centradas em exercícios multiarticulares: agachamentos, avanços, levantamento terra, empurrões e puxões. Sem esse estímulo, a proteína por si só não será suficiente.
O objetivo de todo ciclista acima de 40 não é lutar contra o tempo, mas se adaptar a ele com inteligência. A proteína é uma ferramenta estratégica para manter a força, a potência e o prazer sobre a bicicleta.
Se você ajustar suas necessidades, distribuir bem as refeições e acompanhar a nutrição com força, pode continuar melhorando durante anos, sem perder a essência do que mais gosta: pedalar.