A preocupação com os Jogos onde o doping é permitido está crescendo
Os Enhanced Games causaram uma onda de espanto no mundo dos esportes. A iniciativa pretende reinventar as regras e propõe uma espécie de Jogos Olímpicos nos quais o doping é permitido sob supervisão médica. As vozes contrárias se sucedem entre advertências sobre o perigo que os próprios atletas poderiam enfrentar.
Chuva de críticas aos Enhanced Games: representantes do esporte destacam os perigos do evento
Os Enhanced Games têm causado polêmica desde o momento de sua criação. O evento dará liberdade para que os atletas consumam substâncias dopantes que melhorem seu desempenho, desde que a equipe médica da competição aprove. O doping faz parte das regras dos Enhanced Games, que já incluem várias disciplinas esportivas - atletismo, natação, ginástica, combate e força - e nas quais o ciclismo poderá entrar no futuro.
O fundador desta iniciativa, Aron D'Souza, declarou que o objetivo é que a primeira edição dos Enhanced Games seja realizada em 2025, enquanto a fase de classificação deveria começar este ano.
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O diretor executivo da Comissão Australiana de Esportes, Kieren Perkins - ex-nadador Campeão Mundial e Campeão Olímpico - foi uma das vozes que se levantaram contra os Enhanced Games. Perkins afirmou que a ideia era "ridícula" e que "alguém morrerá se permitirmos que esse tipo de ambiente continue prosperando e florescendo".
As declarações vieram depois que outro grande nadador australiano que se aposentou em 2019, James Magnussen - ex-Campeão Mundial e medalhista olímpico - expressou seu desejo de sair da aposentadoria e competir nos Enhanced Games. O ambicioso objetivo de Magnussen é quebrar o recorde dos 50 metros livre.
O evento oferece um prêmio de 1 milhão de euros ao atleta que quebrar um recorde mundial. Magnussen declarou: "Vou me encher e quebrarei o recorde em seis meses", embora mais tarde tenha admitido que lamentava ter usado essas palavras.
Na mesma linha de Perkins, o diretor executivo do Comitê Olímpico Australiano, Matt Carrollo, também se pronunciou há algum tempo e chamou os Enhanced Games de "perigosos e irresponsáveis".
O próprio Perkins enfatizou que o uso de substâncias no esporte foi proibido para proteger os atletas. "A razão pela qual as drogas foram proibidas no esporte foi porque um ciclista caiu da bicicleta e morreu", em alusão ao trágico fim de Knud Jensen nos Jogos Olímpicos de 1960.
Além disso, ele explica que se recusam a aceitar o doping pelo "impacto significativo que tem sobre eles e sobre seu futuro e suas futuras famílias", como casos de filhos com "graves malformações".
Outra voz contrária foi a diretora executiva do Sport New Zealand, Raelene Castle, que afirmou que "há trapaceiros conhecidos do doping que não estão mais entre nós porque não chegaram aos 45 anos".
Por sua vez, D'Souza explicou que a competição pensa na saúde dos atletas com o objetivo de "garantir que nossos atletas estejam saudáveis e seguros para competir". "Não quero que um atleta se machuque ou morra na competição", afirmou. O fundador dos Enhanced Games comenta que serão realizados testes médicos de análise de sangue, ecocardiogramas e ressonâncias magnéticas em todos os atletas.
Por outro lado, ele destacou que "os novos avanços tecnológicos também são muito úteis e permitem realizar exames de saúde contínuos em tempo real".
D'Souza declarou que havia recebido o interesse de alguns atletas que iriam participar dos Jogos Olímpicos de Paris deste ano. Em resposta, o Presidente da Associação Mundial de Atletismo, Lord Coe, afirmou que quem o fizesse era "imbecil" e teria que enfrentar uma longa proibição.
Além disso, Perkins acrescentou que "temos que ser um pouco mais sensatos como humanidade para entender as decisões que estamos tomando e as repercussões que estão tendo".