Pode-se ficar em forma saindo apenas nos fins de semana?

Quando andamos de bicicleta, em maior ou menor medida, todos queremos melhorar, pois no ciclismo há um lema: é verdadeiramente divertido quando você decide o ritmo e não a estrada. Dependendo dos nossos objetivos na bicicleta, precisaremos de mais ou menos treinamento para alcançá-los.

É possível melhorar na bicicleta sem ter que viver em cima dela?

O ciclismo é ao mesmo tempo um esporte agradecido e escravo. Agradecido porque com muito pouco podemos enfrentar percursos de várias dezenas de quilômetros, no nosso ritmo e desfrutar do prazer incomparável que a bicicleta proporciona quando estamos descobrindo novos lugares apenas com a força das nossas pernas.

Mas torna-se um esporte tirano quando queremos ir além e manter uma progressão. Então, nos obriga a uma dedicação que exige horas e horas para chegar a um ponto onde os avanços são cada vez mais lentos e, se além disso deixarmos de treinar, perdemos tudo o que foi conquistado com muita facilidade.

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Entre esses dois extremos, há um número quase infinito de tipos de ciclistas, cada um com seus objetivos e ambições na bicicleta. Embora alguns digam que não querem melhorar, que se limitam a andar de bicicleta, a verdade é que qualquer pessoa que goste de andar de bicicleta sabe que quanto melhor a forma física, mais se desfruta do pedal.

Quanto tenho que andar?

Frequentemente, um dos aspectos que mais desanima quem se aproxima do ciclismo é o tempo necessário para ter um certo nível de forma. No entanto, como mencionamos antes, há muitas abordagens para a bicicleta e nem tudo tem que ser treinamentos planejados, com watts, séries e afins. Quando o nível é mais ou menos baixo, o simples fato de andar de bicicleta já representa uma melhoria.

Neste primeiro degrau teríamos que enquadrar o que os anglo-saxões conhecem como "weekend warriors", os ciclistas de fim de semana que provavelmente constituem a maioria dos que andam de bicicleta. Muitos deles não aspiram a mais do que desfrutar dessas horas de desconexão após a semana de trabalho, na companhia da família ou amigos. Muitas vezes a falta de tempo durante a semana é o limitante para continuar melhorando e poder se sentir muito mais confortável em suas saídas de fim de semana.

A primeira recomendação para esses ciclistas seria incluir pelo menos um dia durante a semana, não necessariamente de bicicleta, mas de atividade física. Não fazer nada de semana em semana significa que o pouco que ganhamos nessas rotas de sábado e domingo, perdemos em tantos dias de inatividade, sem mencionar se por algum motivo não saímos em um fim de semana. O ideal seria pelo menos um dia extra de bicicleta durante a semana, mesmo que seja apenas uma hora. Algo para o qual os modernos rolos interativos se tornaram um tremendo aliado e que conseguiram que muitos dessem esse pequeno salto de qualidade.

Se a bicicleta for impossível, praticar outro esporte complementar como correr ou ir à academia fará a diferença entre começar do zero a cada semana ou ter um mínimo de forma que nos permita superar os percursos que planejamos com certa solvência.

Mais além

No próximo degrau estão aqueles que já conseguem incluir um ou dois dias de atividade extra durante a semana. Estamos falando de pessoas que pedalam entre 2 e 4 dias por semana. No entanto, para muitos, esse extra significa fazer verdadeiros malabarismos com seus horários e é impossível ir além disso. É o momento, já que não podemos aumentar o volume de treinamento, de pensar no outro fator que determina a carga que aplicamos: a intensidade.

Buscar que nossas saídas deixem de ser simplesmente andar de bicicleta e passem a ser treinamentos é um salto qualitativo tremendo que nos permitirá dar esse salto para poder começar a planejar rotas mais longas, mais difíceis ou até mesmo se inscrever em alguma marcha das muitas que são realizadas.

Se já passamos a treinar pelo menos três dias durante a semana mais os dois do fim de semana, começamos a entrar em um volume que começa a ser interessante e com o qual podemos alcançar um nível bastante acima da média para poder enfrentar percursos difíceis e até mesmo participar das grandes marchas do calendário com a segurança de que vamos concluí-las sem muitos problemas.

Estamos falando de um volume em torno de 10-12 horas por semana que até podem ser suficientes para ter um nível muito bom se certas condições forem atendidas. Como sempre, a primeira é a predisposição genética. Há pessoas que precisam realmente de pouco volume de treinamento para alcançar um nível de forma muito alto, também a idade é um dado a ser considerado aqui, já que à medida que envelhecemos, geralmente precisamos de mais treinamento para alcançar um determinado nível, mas ao mesmo tempo a recuperação entre esforços é pior, então também precisaríamos de mais descanso, tornando-se um ciclo vicioso.

De qualquer forma, a experiência também conta e aqueles que no passado tiveram um bom nível físico são capazes de alcançar novamente um bom nível de forma sem aumentar muito o volume de treinamento. Claro, para tirar o máximo proveito dessas horas semanais, que na verdade não são muitas se comparadas com um treinamento de competição, é necessário cuidar-se com consciência, fazendo o melhor uso possível do chamado treinamento invisível, ou seja, cuidar da alimentação, hidratação, dormir o máximo possível, etc.

Com a competição em mente

O salto definitivo é pensar em colocar um número de peito, daqueles de verdade, não apenas para completar o percurso de uma marcha. As corridas são um mundo à parte, só quem competiu alguma vez sabe disso. Aqui não há meias medidas, é preciso treinar todos os dias, talvez haja um dia de descanso ou de descanso ativo, mas a bicicleta se torna uma prioridade em nossas vidas.

Embora não pretendamos competir na categoria máxima, mas sim, como a maioria, pretendamos nos medir nas categorias master, a verdade é que na última década o nível subiu tanto, graças ao maior acesso a medidores de potência, treinadores, etc., que competir em um nível digno é de uma tremenda exigência, por isso, além de uma vontade férrea, cuidar-se e treinar meticulosamente com a orientação de um treinador, devemos ter uma cabeça suficientemente centrada para não apenas suportar essa disciplina, mas durante a competição manter um tremendo nível de intensidade.

Claro, não podemos passar de andar apenas nos fins de semana para colocar um número de peito facilmente, isso envolve um processo, muitas vezes de anos, em que o corpo vai ganhando resistência, nos conhecemos melhor e interpretamos nossas sensações, aprendemos a regular o esforço, em resumo, nos tornamos ciclistas. Um longo processo em que não há atalhos, mas apenas a jornada vale a pena para saber até onde queremos ou podemos chegar.