O vespeiro econômico do World Tour: Van Aert pede para repensar o modelo antes que seja tarde
Não é nada habitual que um ciclista seja entrevistado para um meio especializado em economia como aconteceu com Wout van Aert, que fez o mesmo para o diário belga De Tijd, onde deixou interessantes observações sobre o conceito com o qual historicamente tem trabalhado o ciclismo, onde as receitas provêm, de forma quase exclusiva, das contribuições dos patrocinadores.

Wout van Aert preocupado com a situação econômica do ciclismo
Já foram diversas as vozes que têm apontado a dependência que o ciclismo tem dos patrocinadores como praticamente a única fonte de receita para as equipes, e que a escalada de orçamentos que está experimentando o esporte não tem perspectivas de se sustentar por mais tempo com esse conceito econômico. Um sentimento que Wout van Aert expressou nas páginas do diário belga De Tijd, onde concedeu uma entrevista.
E é que no ciclismo os direitos de transmissão não revertem nas contas das equipes, apenas dos patrocinadores, nem se cobra dos espectadores, uma ideia que foi proposta há alguns dias pelo ex-ciclista profissional Jerome Pinau, com uma reação furibunda que até obrigou o Tour de France a se pronunciar contra uma medida assim.
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E não são apenas as equipes, as estrelas deste espetáculo, os ciclistas, que mal veem remunerada sua participação nas corridas, como acontece, por exemplo, no ciclocross, por sinal, uma modalidade onde se cobra ingresso para acessar os circuitos. No entanto, os organizadores no ciclismo de estrada não remuneram os ciclistas de alto nível por sua participação, exceto de forma que o atleta depende do salário acordado com sua equipe e dos patrocinadores pessoais com os quais pode contar em um modelo de financiamento que tem sido o mesmo desde os primórdios do ciclismo profissional.
Uma forma de pensar expressa por Wout van Aert que coincide plenamente com seu diretor na Visma-Lease a Bike, Richard Plugge, que é um dos principais impulsionadores da superliga One Cycling, que, entre seus objetivos, conta com a ideia de diversificar as receitas que, muitas vezes, apenas repercutem nos organizadores das corridas.

Uma entrevista na qual Wout van Aert também falou de suas próprias finanças, nas quais conta com investimentos na imobiliária flamenga Heylen Vastgoed, que, segundo afirma o belga, em seu dia o ajudaram a encontrar equipe; ou um curioso investimento em uma empresa dedicada a fabricar velas de luxo. “Seria uma loucura não pensar na próxima geração que já está em casa (referindo-se a seus dois filhos). Quero gerenciá-lo adequadamente. E pouco a pouco, o interesse cresceu, e estou tentando acompanhar de perto vários mercados”, explicava Wout ao ser questionado sobre sua faceta de homem de negócios.
Como curiosidade, também falou de seu contrato pessoal com a Red Bull e que, apesar das obrigações com a marca de bebidas energéticas, continua sendo ele mesmo quem gerencia totalmente suas redes sociais com o objetivo de “continuar sendo autêntico. Não quero que pareça que estou promovendo a Red Bull ou a Heylen Vastgoed o dia todo”.