Novos guidões estreitos com flare para evitar a regulamentação da UCI sobre alavancas de freio

Quem fez a lei fez a armadilha. Diante das limitações introduzidas pela UCI em relação à largura do guidão e à colocação das manetes, já existem marcas que possuem modelos capazes de oferecer uma posição muito aerodinâmica, mas obedecendo às regras estabelecidas pelo principal órgão do ciclismo.

Engenhosidade diante das limitações da UCI aos guidões e colocação das manetes

A disputa entre os ciclistas para alcançar a posição mais aerodinâmica em suas bicicletas de estrada e a UCI para evitar o que consideram perigoso parece não ter fim. Tudo começou quando, em 2021, a federação internacional proibiu posições perigosas na bicicleta, regra direcionada especificamente à posição de "besouro bola" que era usada por quase todos os ciclistas para descer na velocidade máxima e, por outro lado, a colocação com os antebraços sobre o guidão, imitando um hipotético guidão de contra-relógio que muitos adotavam em terreno plano quando estavam em fuga ou puxando o pelotão.

Obviamente, os ciclistas não estavam dispostos a renunciar a tantos watts gratuitos e logo começou a se popularizar o colocar as manetes giradas para dentro a fim de poder manter a aderência e assim cumprir a norma enquanto estreitavam sua posição e continuavam mantendo o apoio do antebraço no guidão. Por sua vez, os guidões usados pelos profissionais têm se estreitado por essa mesma razão, até mesmo com modelos radicais como os que costumávamos ver em bicicletas de ciclistas como Victor Campenaerts, com o prejuízo ao controle da bicicleta que isso implica ao diminuir a capacidade de giro por ter menos braço de alavanca.

Um aspecto que foi amplamente resolvido com a popularização de guidões com flare, derivados dos que são normalmente usados no gravel, nos quais a parte inferior de sua curva é mais larga que a parte superior onde as manetes são colocadas.

A radicalização de algumas configurações de manetes fez com que a UCI voltasse a intervir. Por um lado, limitando a largura mínima dos guidões que não pode ser menor que 350 mm e, por outro, com base em diagramas que devem seguir suas dimensões e que, na prática, limitam o flare dos mesmos. A outra regra recentemente imposta pela UCI é a que limita a rotação das manetes para dentro, que não pode ser maior que 10 graus.

Com isso, parece que a UCI já tem todos os detalhes amarrados para garantir que os ciclistas não adotem medidas muito radicais, mas, no entanto, existem modelos no mercado capazes de oferecer uma posição extremamente agressiva e, ao mesmo tempo, são projetados especificamente para seguir os parâmetros estabelecidos pela UCI.

São exemplos claros os modelos Cross Wing da marca alemã artesanal Lambda Racing que, em sua parte superior, oferece uma largura de apenas 33 cm, enquanto a inferior se mantém em um mínimo de 40 cm e que, como especificamente mencionado em suas características, estão dentro das margens legais estabelecidas pela UCI. A inclinação intrínseca das manetes que seu flare provoca faz com que a largura efetiva das mesmas na parte superior seja de 24 cm.

Muito mais exótico é o modelo Ashaa RR criado pela empresa TooT Enginering. Um guidão atípico feito de aço por impressão 3D. Este tem uma versão com uma largura de 35 cm na parte inferior, o que resulta em uma largura efetiva na ponta das manetes de apenas 21 cm.

Agora só falta ver quanto tempo as marcas de bicicletas e os fornecedores das diferentes equipes demoram para criar designs de seus próprios produtos que sejam capazes de contornar as limitações como esses exemplos. Por enquanto, a única empresa que tem um guidão de série com flare generoso é a Trek com o que montam suas aerodinâmicas Madone, embora seu flare entre a parte inferior e a área de fixação das manetes seja de apenas 3 cm.