Como escolher sua bermuda de ciclismo: tipos e o que observar antes de comprar
Poucos elementos influenciam tanto no conforto do ciclista quanto o culote. Você pode ter uma bicicleta espetacular e sapatilhas de competição, mas se o culote não servir bem, a experiência se torna um suplício. Assaduras, pressão, calor ou falta de suporte: tudo se concentra nessa peça que, bem escolhida, passa despercebida; mal escolhida, arruína qualquer passeio.
No Brújula Bike, passamos anos testando culotes de todas as faixas e marcas. Neste artigo, contamos o que é exatamente um culote, quais tipos existem, como escolher o tamanho correto, quais materiais e detalhes fazem a diferença e como cuidar dele para que dure mais.

Por que é tão importante acertar com seu culote
O culote é a peça técnica que substitui as calças convencionais sobre a bike. Sua missão é reduzir o atrito, evacuar a umidade e oferecer suporte nos pontos de contato com o selim. Ele consegue isso graças ao seu design justo, seus tecidos elásticos e sua peça central: a almofada.
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A almofada é o acolchoado que separa sua pele do selim. É fabricada com espumas de diferentes densidades que amortecem a pressão e distribuem o peso de forma uniforme. Também absorve parte do suor e, em modelos de qualidade, utiliza tecidos antibacterianos para prevenir irritações.
Diferente de uma peça esportiva normal, o culote é pensado para funcionar como uma segunda pele, acompanhando cada pedalada sem se mover ou gerar dobras. Por isso, não deve ser usado com roupa íntima: adicionar uma camada intermediária altera seu funcionamento, aumenta o calor e multiplica o risco de assaduras.

Tipos de culote de ciclismo
Culote curto
É o mais comum para primavera, verão e treinos indoor. Fabricado com tecidos leves, oferece alta respirabilidade e compressão moderada. Sua versão mais técnica incorpora faixas de silicone nas coxas para manter a peça no lugar, costuras planas e painéis que melhoram a ventilação.
Culote longo
Pensado para o inverno. Adiciona tecidos térmicos ou com tratamento repelente à água (DWR) e cobre toda a perna. Alguns modelos incluem zíperes nos tornozelos para facilitar a colocação e elementos refletivos para aumentar a visibilidade em dias cinzentos ou com pouca luz.
Culote pirata ou três quartos
Uma opção intermediária para climas temperados. Protege os joelhos do vento sem abrigar em excesso. Ideal para outono ou para áreas com temperaturas suaves durante todo o ano.
Culote com alças ou sem alças
Os culotes com alças (bib shorts) são os mais recomendados para passeios longos. As alças distribuem a pressão de forma uniforme, evitam que a peça desça e ajudam a manter a almofada no lugar.
Os modelos sem alças são mais práticos para treinos curtos, sessões de rolo ou para quem procura uma colocação mais rápida. Nas mulheres, os designs com alças cruzadas ou fechos frontais facilitam as paradas sem comprometer a sustentação.
A almofada: o coração do culote
Nenhum componente é tão determinante quanto a almofada. Sua qualidade define o conforto e a durabilidade do culote.
As almofadas básicas usam uma única camada de espuma, válida para saídas curtas ou iniciantes. As de gama média e alta incorporam espumas de várias densidades e zonas diferenciadas de suporte. Algumas combinam espuma e gel ou incluem canais de ventilação que reduzem a temperatura interna.

Também existe diferença entre almofadas masculinas e femininas. Não se trata apenas do tamanho: a forma e os pontos de pressão mudam de acordo com a anatomia, e isso influencia diretamente no conforto.
Ao escolher, preste atenção em três aspectos-chave:
- Densidade progressiva: maior na área dos ísquios e menor na parte frontal.
- Tecido superior: deve ser suave, antibacteriano e de secagem rápida.
- Costuras ou termoformado: quanto menos atrito, melhor funcionará.
Como escolher o tamanho correto de culote
O tamanho é outro ponto crítico. Um culote muito apertado pode gerar pressão e dormência; um grande, dobras e assaduras.
Para acertar:
- Verifique o guia de tamanhos de cada marca, pois variam consideravelmente entre fabricantes.
- Experimente a peça
- O culote deve abraçar a perna sem cortar a circulação. A sensação inicial pode ser um pouco justa, mas após alguns minutos de uso deve parecer natural.
Um bom ajuste também depende do tipo de tecido. Os modelos com mais porcentagem de elastano oferecem melhor compressão e adaptabilidade.
Diferenças entre culotes de inverno e verão
Os culotes não mudam apenas pelo comprimento da perna, mas também por sua composição e desempenho.
Os culotes de verão priorizam a ventilação. Costumam incorporar painéis microperfurados e tecidos ultraleves para favorecer a transpiração. Alguns utilizam fibras com tratamento ColdBlack® ou UPF 50+ para proteger do sol sem aumentar a temperatura corporal.

Por outro lado, os culotes de inverno apostam no isolamento térmico. Combinam tecidos como o Thermoroubaix ou SuperRoubaix, que mantêm o calor e ao mesmo tempo expulsam a umidade para fora. Os melhores incluem tratamentos hidrofugos que repelem a água sem comprometer a elasticidade do tecido.
Em ambos os casos, a qualidade do corte e a correta colocação da almofada são determinantes para evitar desconfortos.
Detalhes que fazem a diferença
Um culote não é avaliado apenas pela estética ou pela espessura de sua almofada. Pequenos detalhes podem transformar a experiência sobre a bike:
- Costuras planas ou termosseladas: evitam pontos de atrito.
- Faixa elástica inferior: serve para que o culote não suba, deve segurar sem apertar.
- Alças ventiladas: ideais em climas quentes ou em rotas intensas.
- Elementos refletivos: imprescindíveis em treinos nas primeiras ou últimas horas.
- Tecido compressivo: melhora o retorno venoso e a estabilidade muscular.
Se você pedala muitas horas por semana, procure modelos com painéis multipainel e tecidos de compressão graduada. Investir em um culote de qualidade pode parecer caro, mas a longo prazo se traduz em menos desconforto e maior durabilidade.
Cuidados e manutenção do culote
Uma peça técnica precisa de cuidados técnicos. Lave sempre do avesso, com água fria (máx. 30 °C) e sabão neutro. Evite amaciantes, pois obstruem as fibras e anulam as propriedades antibacterianas. Também não coloque na secadora: o calor degrada os elásticos e encurta a vida da almofada.

Seque ao ar, em um local ventilado e sem exposição direta ao sol. E uma dica básica: nunca reutilize um culote sem lavar. Mesmo que não cheire, o suor e as bactérias permanecem na espuma, causando irritações ou foliculite.
Renove a peça quando perceber que a almofada perde sua forma, o tecido se desgasta ou o ajuste não é mais firme.
Erros comuns ao usar um culote
- Usar roupa íntima. O mais comum e o mais grave. A almofada é projetada para estar em contato direto com a pele.
- Comprar pela espessura. Um acolchoado maior não significa mais conforto.
- Ignorar o tamanho. Cada marca tem um tamanho diferente; sempre experimente antes.
- Não lavar corretamente. Amaciantes e água quente estragam a peça.
- Escolher o modelo errado de acordo com a estação. No inverno, um culote sem proteção térmica resulta em frio e rigidez muscular; no verão, um modelo grosso causará excesso de calor e transpiração.
O culote não é um acessório qualquer: é uma peça chave do desempenho e do conforto. Escolher o modelo correto pode fazer a diferença entre aproveitar o treino ou contar os minutos para sair do selim.
Busque sempre um equilíbrio entre ajuste, respirabilidade e qualidade da almofada. Cuide com carinho e substitua quando perder suas propriedades. Porque no ciclismo, o conforto não é um luxo: é a base da consistência.