Erros que você comete ao ajustar sua bicicleta

Conseguir a posição ideal na bicicleta não é uma tarefa fácil, embora tenha sido simplificada com toda a evolução no campo da biomecânica. Muitas vezes, pequenos erros no ajuste ou no nosso equipamento podem ser a origem de desconfortos que nos impedem de desfrutar da bicicleta. Estes são os mais comuns.

Descubra quais são os erros típicos que costumam ser cometidos quando procuramos a posição ideal na bicicleta

Embora a ciência tenha entrado de cabeça no ajuste da posição do ciclista na bicicleta, padronizando o processo de análise biomecânica ao ponto de existirem aplicativos de celular capazes de determinar nossos intervalos de movimento e ângulos na bicicleta com apenas um pequeno vídeo de nós pedalando no rolo, ainda há um pequeno número de casos em que conseguir o ajuste ideal não é trivial ou se cometem erros que resultam em não sermos capazes de andar confortavelmente na bicicleta.

O sistema de análise biomecânica é apenas uma ferramenta

Embora os sistemas de estudo biomecânico estejam cada vez mais precisos e a metodologia esteja cada vez mais padronizada, muitos não conseguem andar bem na bicicleta depois de passar por um desses estudos. Muitas vezes esquece-se que isto é apenas uma ferramenta de análise que fornece dados sobre os ângulos em que os diferentes segmentos corporais se posicionam e seus intervalos de movimento durante a pedalada.

No entanto, é necessária uma pessoa experiente para saber interpretar esses números, especialmente quando o ciclista se desvia do padrão. O biomecânico deve ter o conhecimento necessário em primeiro lugar para avaliar as circunstâncias do ciclista, não é a mesma coisa um ciclista de fim de semana que um competidor e propor soluções razoáveis para o ciclista. Às vezes, por mais que o ciclista esteja determinado que sua próxima bicicleta seja um modelo de competição como os usados no World Tour, o biomecânico, muitas vezes o dono da loja que vai vender a bicicleta, deve ser capaz de dizer que essa bicicleta não é adequada para ele.

Portanto, o primeiro passo para não errar é confiar em biomecânicos de reputada experiência e que nos garantam um acompanhamento correto após o ajuste e os retoques necessários durante o período de adaptação para garantir que nossa posição na bicicleta é perfeita. Fuja de biomecânicos que ainda usam fórmulas tradicionais para fazer seus ajustes ou baseiam-se na medição de ângulos em posições estáticas. Qualquer coisa que não seja uma análise dinâmica deve ser descartada hoje em dia ao fazer o ajuste na bicicleta.

Ignorar o período de adaptação

Após um estudo biomecânico, especialmente se as mudanças foram amplas, é necessário um tempo para que o corpo assuma a nova colocação na bicicleta. Temos que fazer quilômetros com a bicicleta e anotar nossas percepções para transmiti-las ao biomecânico e que, se necessário, faça ajustes na colocação.

No entanto, muitos ciclistas não são pacientes o suficiente e, depois de alguns dias em que se sentem estranhos na bicicleta e não conseguem assimilar a posição, em vez de indicar ao biomecânico, acabam voltando para a sua posição de sempre.

Comprar a bicicleta antes de passar pelo biomecânico

Os modernos estudos biomecânicos, com sistemas de potros robotizados, permitem-nos simular a posição em qualquer bicicleta do mercado e testar como nos sentiríamos com diferentes ajustes. É totalmente recomendável, se vamos mudar de bicicleta, fazer o estudo antes para escolher, não apenas o tamanho correto do quadro, mas também um comprimento de haste, um guidão com um alcance, queda e largura adequados ou o selim que melhor se adapta à largura dos nossos ísquios e à capacidade de flexão do quadril.

Depois, uma vez adquirida a bicicleta seguindo estas indicações, deveríamos voltar ao biomecânico para que ele faça o ajuste preciso da bicicleta, garantindo que as medidas às quais ela se ajusta coincidem exatamente com as obtidas no estudo.

Não levar em conta a modificação de componentes e acessórios

Uma mudança de guidão, pedais, sapatos ou selim, ou mesmo tacos desgastados, podem alterar completamente nossa colocação na bicicleta. Por isso, sempre que se modificam alguns dos elementos que afetam os pontos de contato entre o ciclista e a bicicleta, é necessário ajustar a posição para que ela volte a ser a obtida no estudo biomecânico.

Medir a bicicleta e seu ajuste não é uma tarefa trivial para se fazer em casa e menos ainda se estivermos buscando a mais alta precisão. Na verdade, sistemas como o Retül utilizam a mesma câmera usada no estúdio para medir o ajuste da bicicleta com total precisão usando um sensor especialmente projetado. Por outro lado, outros sistemas de ajuste, como o Bikefitting, têm um suporte de ajuste que permite ajustar milimetricamente as diferentes partes da bicicleta.

Pedalar em ritmo de caminhada durante o levantamento biomecânico

Um erro que muitos biomecanicistas cometem é não pedir à pessoa que está sendo estudada que se esforce em uma intensidade mínima. Todos concordam que, exceto quando a bicicleta está muito mal ajustada, o que geralmente não é o caso, o desconforto aparece quando pedalamos por várias horas ou quando nos esforçamos.

É por isso que um biomecanista competente deve colocar uma certa resistência no rolo em que a bicicleta está montada ou no suporte usado para que façamos um certo esforço durante a pedalada que permita que os possíveis problemas existentes no gesto esportivo se manifestem. De qualquer forma, isso nem sempre é alcançado ou, em alguns casos, a pedalada no estúdio é diferente da pedalada no mundo real. O motivo disso é que o rack ou rolo não tem a capacidade de se inclinar ou se mover para os lados, gestos que muitos realizam imperceptivelmente na estrada.

Mais uma vez, isso mostra a importância do acompanhamento do biomecanicista após a realização do estudo para que os ajustes necessários possam ser feitos na posição.

Tomar o ajuste como definitivo

A posição na bicicleta não é fixa. Circunstâncias diferentes podem fazer com que ela mude significativamente e a bicicleta pode precisar ser reajustada. O exemplo mais óbvio é o do ciclista que é forçado a parar por meses e ganha muito peso. Quando ele volta a pedalar, fora de forma e com um pouco de barriga, acha impossível tolerar o ajuste de sua bicicleta superesportiva.

Uma lesão também pode significar que nossa posição pode mudar, por exemplo, porque temos alguma limitação de movimento em uma articulação ou nossa capacidade de flexão é limitada. Não é preciso dizer que quanto melhor for a nossa forma e quanto mais trabalharmos a flexibilidade e a força dos músculos estabilizadores, mais versatilidade teremos ao buscar posições mais esportivas.