Assim treina a campeã mundial Evie Richards: "Não sei dizer quantos quilómetros percorro por semana"

 

A britânica Evie Richards foi proclamada campeã mundial de XCO em 2021, após algumas temporadas em que seu desempenho foi brilhante. Além disso, Richards conquistou a torcida dos fãs por seu carisma fora da competição e seu caráter combativo dentro dela. Nesta entrevista concedida a um de seus patrocinadores descobrimos um pouco mais sobre seu treinamento.

Evie Richards e seu treinamento longe dos Watts

RedBull é um dos principais patrocinadores de Evie Richards, e durante uma entrevista publicada recentemente, passaram um bom tempo conversando sobre seu treinamento. Um planejamento que, como você verá abaixo, parece estar longe do exaustivo programa de ciclismo dos últimos anos, e é por isso que Evie tenta justificá-lo em primeiro lugar.

Parece que meu treinamento é muito desorganizado. Mas não é assim. Acontece que há tantos fatores e tantos objetivos diferentes, que cada semana é diferente.

Sobre como é um dia normal de treino para Evie Richards, a britânica confirma que depende muito da fase em que ela se encontra.

Varia de acordo com a temporada e a fase de treinamento em que estou, mas costumo treinar três ou quatro dias por semana; um dia sim e um dia não. No meu dia de folga faço uma sessão de academia, pilates ou corro. Atualmente estou entrando na temporada de mountain bike, e por isso vou treinar mais no rolo.

Sobre às sessões de academia, especifica:

Eu costumo fazer duas sessões de academia por semana – coisas como agachamentos e agachamentos divididos. Eu fiz uma cirurgia no joelho, então exercícios de perna única realmente me ajudam. Quando não estou fazendo uma sessão específica de academia, estou fazendo exercícios de core ou pilates para manter tudo saudável e prevenir lesões.

Quando perguntam a Evie sobre o treinamento por potência é quando começamos a ver que a britânica é mais de treinar por percepções.

Eu tenho medidores de potência em minhas bicicletas, mas não sei dizer qual potência é boa. Às vezes, o TrainingPeaks me diz: "Você atingiu um novo recorde de potência", mas isso não significa nada para mim porque penso: "Provavelmente está mal calibrado".

Concentro-me na frequência cardíaca e nas sensações: não sinto que preciso acertar um número para me esforçar; quando eu preciso ir forte, eu aperto o ritmo. Quanto à bicicleta que eu ando, eu andaria em qualquer bicicleta que não estivesse quebrada! Mas no inverno faço a maior parte do meu treino de mountain bike, me sinto mais segura pois as estradas parecem bastante perigosas. Durante o inverno, faço cerca de 80% dos meus treinos na minha mountain bike e, em seguida, faço algum treino de estrada ou específico de ciclocross também.

Eu não saberia dizer quantos quilômetros eu faço por semana.

Também não é muito amante do rolo, embora não pareça ter um mau momento com isso.

Se posso, faço os meus treinos ao ar livre porque é o mais próximo de uma corrida. Mas no inverno pode ser tão escuro que passo muito frio durante as recuperações, então prefiro treinar no rolo.

No verão, as trilhas próximas podem receber muito tráfego, então costumo usar o rolo nesses casos também. Pode ser realmente benéfico e faz muito esforço em pouco tempo. Eu nunca faço sessões específicas, apenas coloco uma boa playlist do Spotify. Meus vizinhos me repreendem porque minha garagem parece uma discoteca.

É quando ele fala sobre treinamento mental que percebemos que esse pode ter sido o grande sucesso de Evie na conquista de Copas do Mundo e do último Mundial. Em 2020 e início de 2021 era comum ver Richards se destacar nos Short Tracks e nas primeiras voltas de qualquer Copa do Mundo, mas não conseguia manter seu desempenho até o final. É assim que ela explica o processo.

É uma guerra que travo desde que comecei a andar de bicicleta. Eu sou uma daquelas pessoas que sempre vai fazer mais do que menos. Converso com o psicólogo britânico de ciclismo Rich Hampson desde 2019, e ele tem me ensinado que “o melhor esforço não é o esforço máximo” e isso é muito importante para mim. Quando comecei a trabalhar com ele, 85% dos meus treinos eram em vermelho ou âmbar; sempre fazia mais. Desde que estou trabalhando com ele, 90% dos meus treinos são na intensidade certa e não treino em excesso.

Antes de conhecê-lo, sofria de grande ansiedade na competição, da qual não tinha conhecimento na época. Aparecia durante as corridas e ficava doente durante toda a competição, nunca era em ciclocross, apenas mountain bike. Eu estava convencida de que havia algo errado comigo. Fiz testes e não apareceu nada. Acho que não estaria competindo agora se não tivesse conhecido Rich.

Por enquanto, com sua vitória em Banyoles, 2022 parece ter começado tão bem quanto terminou na temporada passada. Esperamos ver de novo Evie Richards em seu nível mais alto porque ela é um grande incentivo para a competição.