Será que Vingegaard pode perder a Vuelta?

Chegamos à terceira semana da La Vuelta com o que parece ser um plano perfeitamente traçado por Jonas Vingegaard e a Visma-Lease a Bike. Um plano direcionado para conquistar a camisola vermelha no próximo domingo em Madrid e que, salvo queda, desfalecimento ou um dia mágico por parte de Joao Almeida, tudo indica que chegará a bom termo.

O plano impecável de Jonas Vingegaard para vencer a La Vuelta entra na sua semana final

Segunda semana da corrida, aquela que tinha as etapas mais exigentes no seu percurso e, tal como aconteceu na primeira, quase se falou mais do extradesportivo do que da própria corrida que parece estar totalmente sob controle da Visma-Lease a Bike.

Apenas a etapa com final no temível Angliru deixou uma esperança de que La Vuelta possa ter um desfecho diferente do previsto, com um Joao Almeida que mostrou sua face mais corajosa tentando forçar ao limite a Jonas Vingegaard, deixando um pouco de jogo no aspecto desportivo. O mesmo aconteceu no muro de Pike Bidea na etapa com início e fim em Bilbao, onde Tom Pidcock foi capaz de fazer o dinamarquês sofrer numa subida explosiva, embora no final se tenha falado mais dos incidentes na meta devido às manifestações contra a invasão da Palestina por parte de Israel do que da etapa em si.

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Uma semana que começou agitada também no extradesportivo com a tremenda discussão no seio da UAE Team Emirates-XRG entre Juan Ayuso e a equipe, após o anúncio, de forma um tanto estranha, de que o ciclista alicantino não continuaria na equipe emiradense na próxima temporada. Um Juan Ayuso que dirigirá seus passos para a Lidl-Trek e que, apesar de tudo, foi capaz de dar à UAE Team Emirates-XRG uma nova vitória na meta dos Corrales de Buelna.

As vitórias da UAE, 7 em 15 etapas disputadas, são, sem dúvida, o mais notável da corrida, contrastando com o fato de que ciclistas de ponta da equipe como Jay Vine, Marc Soler ou Juan Ayuso estejam dedicados a essa busca por vitórias parciais, deixando talvez o líder Joao Almeida um pouco desprotegido em determinados momentos da corrida. Uma tática que, pelo menos externamente, levanta dúvidas sobre a capacidade real do português de vencer a corrida, levando a equipe a buscar o máximo rendimento no dia a dia.

E é que, se olharmos para os percursos que restam ao longo desta última semana, não parece haver, salvo um fiasco inesperado ou qualquer outro fator externo, nenhum lugar onde se possa atacar Jonas Vingegaard.

É verdade que as diferenças entre Vingegaard e Almeida permanecem contidas na geral, mas o que resta é uma etapa de média montanha na Galícia que, à luz de como se desenvolveu La Vuelta, não parece que possa trazer movimentos entre os favoritos; um novo dia de corte monopuerto em direção ao Morredero, que, embora seja uma subida longa e dura, Jonas Vingegaard não mostrou nenhum sinal de fraqueza em locais semelhantes, ainda menos sem o desgaste de uma jornada de quilometragem elevada, e a etapa do Morredero tem 143 km.

Depois haverá o contrarrelógio, onde Jonas Vingegaard é o favorito indiscutível. É verdade que Joao Almeida também é um ótimo contrarrelogista, mas, se olharmos para o contrarrelógio do Tour de France, o português superou o dinamarquês por apenas 5 segundos, enquanto, no outro contrarrelógio individual em que ambos coincidiram nesta temporada, o Volta ao Algarve, Vingegaard deixou para trás o português em nada menos que 30 segundos para roubar a liderança e conquistar a vitória final.

Restaria apenas a típica etapa da Sierra de Guadarrama, que, dada a configuração do seu percurso, com a Bola del Mundo como sobremesa, condiciona que os movimentos entre os favoritos fiquem subordinados à dureza desses últimos 4 quilômetros, terreno insuficiente para mudar o rumo da corrida ao nível em que ambos os ciclistas estão competindo.

Portanto, embora La Vuelta tente vender o fator emoção com base nas escassas diferenças existentes entre ambos na geral, a verdade é que, a menos que ocorra uma desgraça, La Vuelta 2025 deverá confirmar as previsões anteriores e cair do lado de Jonas Vingegaard.