"O ciclismo é gratuito": a contundente resposta aos que propõem cobrar para ver o Tour ao vivo
Há alguns dias, na sua participação em um podcast, o ex-ciclista Jerome Pineau lançou a ideia de cobrar para acessar os picos finais de etapa. Não foi necessário muito mais para que o debate nas redes sociais ganhasse corpo como se fosse uma bola de neve. Até o ponto em que a própria ASO teve que desmentir que algo do tipo estivesse sendo considerado.

ASO desmente qualquer intenção de cobrar para ver os finais em alto do Tour de France
Quantas vezes ouvimos que o ciclismo não é um esporte de maior relevância porque não se cobra ingresso? Isso quando a realidade é que, se algo fez o ciclismo popular historicamente, é que as massas podiam se aproximar a pé da estrada para ver, mesmo que apenas por alguns segundos, seus ídolos de perto. Uns personagens, os ciclistas, capazes de façanhas sobre-humanas.
No entanto, nem mesmo o ciclismo e sua popularidade foram alheios à busca por monetizar qualquer atividade que impera hoje em dia. Já neste verão passado, o diretor da Visma-Lease a Bike deixou escapar em declarações durante o Tour de France que uma maneira de reduzir a periculosidade nos picos finais poderia ser cobrar para acessá-los, de forma que haveria menos espectadores à beira da estrada.
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Há alguns dias, o tema voltou à tona quando o ex-ciclista Jerome Pineau expressou em um podcast “¡Fechemos os últimos cinco quilômetros desta subida, privatizemos! Assim poderíamos cobrar ingresso. ¡Vamos convidar também VIPs! ¡Vamos criar algo para ganhar dinheiro!”, uma opinião que, ao contrário da de Plugge, que passou bastante despercebida, gerou um grande alvoroço em um momento, fora de temporada, onde todos estão ávidos por qualquer notícia relacionada ao ciclismo de competição.
O primeiro a se pronunciar sobre o assunto foi o presidente da UCI, David Lappartient, que não se mostrou a favor da medida, apelando ao repúdio que algo assim geraria entre os fãs, especialmente para o público francês do Tour de France, para quem essa prova é algo mais do que uma corrida de bicicletas. De fato, Lappartient chegou a comparar a possível reação dos fãs franceses diante de uma medida assim com os protestos dos coletes amarelos quando o governo tentou aumentar a idade de aposentadoria na França.
A ASO também se pronunciou através de um de seus subdiretores, que foi enfático ao expressar a opinião do organizador do Tour de France: “O ciclismo é gratuito por definição. A introdução da venda de ingressos está completamente descartada.”

É curioso a solidez dessas afirmações, especialmente quando estamos em plena temporada de ciclocross, onde o público deve pagar um ingresso para acessar os circuitos, embora também seja verdade que, principalmente na Bélgica, país onde esse esporte tem mais relevância, o ciclocross durante o inverno tem um acompanhamento semelhante ao que desfruta a liga de futebol em outros países, e as corridas se tornam uma verdadeira festa que vai além da prova em si.
Algo semelhante ocorre, também na Bélgica, durante as clássicas flamengas, onde a organização da Flanders Classic, há alguns anos, coloca tendas VIP ao lado dos trechos mais espetaculares. Tendas que são uma festa total, com música, cerveja em abundância e a possibilidade de ver a corrida em locais de referência como Oude Kwaremont, onde os ciclistas, no caso do Tour de Flandres, passam até três vezes, sendo também o lugar onde costuma acontecer o desfecho da prova.