Jonas Vingegaard sentencia o Tour de France em Hautacam
Pogacar tentou colocar o líder em apuros, mas acabou cedendo ao poder da Jumbo-Visma na última grande subida do Tour de France.
Uma etapa espetacular deixa o Tour de France quase decidido para Jonas Vingegaard
Tadej Pogacar tentou de tudo, mas a estrada e as forças de cada um acabaram por fazer valer a sua lei. Não só não conseguiu quebrar Jonas Vingegaard como acabou cedendo nos quilómetros finais da subida ao Hautacam.
Uma subida já lendária apesar do Tour de France só ter terminado aqui, contando com o de hoje, em 6 ocasiões, e em nenhum caso ficou indiferente.
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Podemos escolher entre a exibição de Indurain em 1994, que seria seu quarto Tour de France, superando inclusive Marco Pantani, o melhor escalador do momento. Indurain também estrelaria dois anos depois, quando foi ele quem dobrou o joelho para Bjarne Riis no que seria o início do fim de sua carreira.
No ano 2000, já em pleno reinado de Lance Armstrong, o jovem Javier Otxoa, resistiu à fome de vitória do texano para alcançar a grande vitória de sua vida.
Hautacam também foi palco da infâmia protagonizada em 2008 pela equipe Saunier-Duval, com Piepoli e Juanjo Cobo chegando ao topo de mãos dadas. Mais tarde, Piepoli e seu parceiro Ricardo Riccò testariam positivo para EPO CERA.
Aqui, em 2014, Vincenzo Nibali sentenciaria com contundência um Tour de France em que muitos criticaram o italiano, aludindo ao fato de ele ser o líder devido ao abandono de Chris Froome e Alberto Contador ao longo da prova. Naquele dia, o siciliano calaria todas as bocas com um golpe de autoridade.
O Tour de France chegou hoje às suas rampas com a corrida aberta entre um líder sólido, como estava mostrando Jonas Vingegaard, e um Tadej Pogacar que precisava cortar tempo para manter as suas chances no contrarrelógio do próximo sábado.
Um dia que começou a mil por hora com muita gente tentando fazer uma boa fuga. Foi pouco antes do início do Aubisque que um grupo muito grande e heterogêneo foi formado, no qual haviam desde velocistas até escaladores puros. As rampas de Aubisque foram selecionando o grupo e, claro, à frente dele um incansável Wout Van Aert em sua enésima exibição neste Tour de France.
Atrás, Jumbo-Visma, Benoot, marcava um ritmo confortável para o líder, enquanto alguns como Meintjes ou Bardet tentaram avançar para chegar à classificação geral.
Seria na próxima subida, o inédito Spandelles, que mudariam as coisas no grupo dos favoritos. A jogada do dia anterior foi repetida com Brandon McNulty estabelecendo um ritmo muito forte desde baixo que eliminou Vlasov, Bardet e Yates.
Na liderança, por sua vez, Wout Van Aert faz o mesmo, ficando com Thibaut Pinot e Daniel Felipe Martínez como únicos acompanhantes.
Faltavam 6 quilômetros para coroar quando Tadej Pogacar decidiu agir. Um, dois... até seis ataques que o esloveno tentou nas duras rampas de Spandelles, todos eles perfeitamente respondidos por um sólido Vingegaard.
Como dizem: se você não pode subir, tente descer. Foi exatamente isso que Tadej Pogacar provou na técnica descida. Um toque do pedal no chão e um salto de corrente na saída de uma curva estava prestes a enviar o líder ao chão. Algumas curvas depois, era o próprio Tadej Pogacar que beijava o chão depois de passar por uma curva e entrar no cascalho nas bordas. Vingegaard, num ato de desportividade, decide esperá-lo e continuam o resto da descida.
Ao pé do Hautacam, houve um reagrupamento, retornando ao grupo Geraint Thomas, Sepp Kuss, Gaudu, além de Meintjes que foi neutralizado na parte final da subida. Tudo estava aberto para a subida mais difícil nesta região dos Pirinéus, inclusive acima de sua vizinha Tourmalet.
À frente Van Aert seguia deixando um Thibaut Pinot voluntarioso enquanto atrás, primeiro Benoot e depois Sepp Kuss, endureceram o ritmo ao limite, tirando tempo para a liderança. O show Jumbo-Visma estava servido.
Kuss leva seu líder para a própria roda de Wout Van Aert, que assume e tira força, sabe-se lá onde, para dar mais uma espremida que acaba quebrando a conexão de um Tadej Pogacar que mostra jatos de sangue ao longo de sua perna esquerda por causa da queda.
Alguns metros de esforço máximo do belga que servem para lançar Jonas Vingegaard rumo ao Olimpo dos vencedores do Tour de France. Daqui até a linha de chegada, carregado pela torcida da enorme quantidade de público presente, o dinamarquês só aumenta a diferença com Tadej Pogacar, cruzando a linha de chegada como o vencedor virtual da etapa depois de colocar pouco mais de um minuto para esloveno.
3 minutos e 26 segundos separam os dois ciclistas agora na classificação geral, uma distância que parece intransponível apesar do contrarrelógio de 40 quilômetros, a menos que haja uma queda ou falha mecânica. Apesar de tudo, não se pode cantar a vitória até alcançar a linha de chegada nos Champs-Elysées.
Classificação Etapa 18
- Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) 3h59’50’’
- Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) +1’04’’
- Wout Van Aert (Jumbo-Visma) +2’10’’
- Geraint Thomas (INEOS Grenadiers) +2’54’’
- David Gaudu (Groupama FDJ) +02’58’’
- Alexey Lutsenko (Astana) +03’09’’
- Daniel Felipe Martínez (INEOS Grenadiers) m.t.
- Sepp Kuss (Jumbo-Visma) +03’27’’
- Aleksandr Vlasov (Bora Hansgrohe) +04’04’’
- Thibaut Pinot (Groupama FDJ) +04’09’’
Classificação Geral
- Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) 71h53’34’’
- Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) +3’26’’
- Geraint Thomas (INEOS Grenadiers) +8’00’’
- David Gaudu (Groupama FDJ) +11’05’’
- Nairo Quintana (Arkéa Samsic) +13’25’’
- Louis Meintjes (Intermarché-Wanty) +13’45’’
- Aleksandr Vlasov (Bora Hansgrohe) +14’10’’
- Romain Bardet (Team DSM) +16’11’’
- Alexey Lutsenko (Astana) +20’09’’
- Adam Yates (INEOS Grenadiers) +20’17’’