Ventilado V.S Aero, qual capacete é melhor?
Às vezes, falamos de algo nos referindo erroneamente a outra coisa, ou igualamos ideias diferentes. Algo assim acontece com o capacete de bicicleta, que muitas vezes se fala de capacete ventilado e capacete aerodinâmico como se fossem sinônimos, mas na realidade ventilação e aerodinâmica são duas coisas diferentes. Nós explicamos a diferença.
Nosso teste: capacete ventilado VS. capacete aerodinâmico
Fizemos dois testes simples que podem orientá-lo na hora de entender os dois conceitos e escolher o que melhor se adapte às suas necessidades.
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TESTE 1 – Analisar a superfície de abertura (ventilação)
Comparamos três modelos que tínhamos em mãos: um Catlike Mixino, um Kask Protone e um Bontrager Velocis MIPS. Na imagem você pode ver que fizemos um campo de superfície que nos permite analisar a superfície aberta a partir de uma imagem frontal. É verdade que isso não resume toda a ventilação, mas pode nos dar uma ideia do fluxo de ar que entra no interior do capacete e forçará a saída de ar quente de dentro.
Na imagem vemos que o caso mais aberto é o Mixino, seguido do Protone e do Velocis. Valores muito semelhantes se dão na parte traseira.
TESTE 2 – Analisar a trajetória do ar e do talco (aerodinâmica)
Na ausência de um túnel de vento, lançamos ar pressurizado com partículas de talco nos três modelos, para intuir sua aerodinâmica. Está comprovado que projetar um capacete com canais de entrada e saída melhora a aerodinâmica, pois a velocidade com que o ar sai no Mixino é a mais alta. O Velocis tem ótima aerodinâmica externa, nem tanto interna. O pior em termos de aerodinâmica é o Protone, no qual grande parte do ar e do talco se acumulam na parte frontal.
Na imagem você pode ver um plano normal e um negativo de cada casco. Se intuem os caminhos e os fluxos de ar (a força com que sai) de maneira evidente.
Qual é a diferença entre um capacete ventilado e um capacete aerodinâmico?
Pois a principal diferença está no próprio adjetivo.
Ventilado refere-se à quantidade e velocidade com que o capacete é capaz de renovar o ar dentro dele, ou seja, sua eficácia em remover o ar quente e renová-lo com ar fresco. Isso é fundamental, pois há dois fatores que influenciam sua importância: a cabeça é uma das fontes mais importantes de calor do corpo, por isso com o esforço físico tende a aumentar bastante a temperatura e a suar; e também, o calor tende a aumentar, então parte do calor que nosso corpo cria durante o exercício também acaba na área da cabeça simplesmente pelas leis da física.
Por outro lado, a aerodinâmica é um conceito muito diferente: é um ramo da mecânica dos fluidos que analisa o movimento e a trajetória do ar quando ele enfrenta um corpo sólido, neste caso um capacete.
Não quer dizer que a diferença seja se o ar vai para dentro ou para fora do capacete, mas sim se o ar é renovado (ventilação); ou como o ar em movimento se move quando colide com o capacete (aerodinâmica). Claro, a posição do piloto é fundamental.
Na Brújula Bike analisamos a diferença entre um capacete ventilado e um capacete aerodinâmico com estes dois testes simples que, se não forem definitivos, podem servir para o orientar em ambos os conceitos. A própria BBC fez um estudo há alguns anos e produziu um pequeno documentário, dada a importância da aerodinâmica no ciclismo.
Dependendo do clima da sua região e das suas necessidades como ciclista, é sua decisão escolher um capacete ventilado; priorizar um capacete mais aerodinâmico, ou buscar um caso equilibrado entre as duas variáveis.