Os 10 novos ciclistas profissionais que você deveria conhecer

Quando Marc Hirschi começou a dar show no Tour de 2020, muitos se perguntaram de onde veio aquele suíço de 21 anos. Claro, não aqueles que já conheciam seu extenso histórico em categorias inferiores, incluindo Europeu e Mundial Sub-23. E é que a precocidade está negociando cada vez mais alto no ciclismo de estrada. Os passos diretos do júnior ao 'pro' não são mais raros, e os garotos com projeção chegam vencendo corridas a partir do minuto 0. Por isso, se há alguns dias trouxemos para você um decálogo com os corredores que você não pode perder de vista, hoje apresentamos os 10 novos ciclistas profissionais que você deve conhecer. Porque não temos dúvidas de que eles serão muito vistos ao longo da temporada.

Alguns deles até já ganharam, e os que não estão de olho em outros momentos do calendário. De qualquer forma, seus nomes devem ser familiares para você. Não só porque esses neoprofissionais podem ser estrelas na próxima década, mas para que este ano não seja para você como Hirschi. Aqui estão as jovens promessas (e algumas um pouco mais velhas) que se juntam ao pelotão. E não, por enquanto, não há vestígios de Aleix Espargaró, apesar do que Contador disse.

Arnaud De Lie, o velocista

Este belga venceu o Palma Trophy do Challenge de Mallorca há algumas semanas, que foi sua terceira corrida profissional, antes de completar 20 anos. Talvez não precise maior carta de apresentação que ser mais rápido que Molano, Matthews, Nizzolo e Kristoff, mas caso fosse necessário, eis mais alguns fatos: no ano passado ganhou 10 corridas e, com 17, foi campeão belga júnior. Além do sprint, De Lie é um homem forte e sonha em vencer o Tour de Flandres (este ano ele provavelmente estará na largada) e Paris-Roubaix. Portanto, suas qualidades se assemelham a homens como Tom Boonen, John Degenkolb, Peter Sagan, seu quase xará Demare ou Wout Van Aert.

Filippo Baroncini, o classicomano

Se há alguém que parece capaz de desafiar De Lie (ou quem quer que seja) nas clássicas no futuro, é esse italiano de 21 anos que conquistou o ouro no último Mundial Sub-23 em Flandres. Com essas credenciais, não poderia faltar nesta lista. Além disso, em sua primeira corrida entre os profissionais, a Coppa Sabatini 2021, terminou em 4º. Mas também é contrarrelogista: se impôs no contrarrelógio 'Giro baby' vencido por Ayuso. Com a permissão de outro Filippo (Ganna), ele opta pelo título de 'o novo Cancellara'. A propósito, ele veste as cores da Trek-Segafredo, o último time do 'Espartaco', e (se nada der errado) com ela vai estrear na Strade Bianche, Tour de Flanders e Paris-Roubaix, onde aquele escreveu algumas das mais belas páginas do ciclismo atual.

Kata Blanka Vas, a estrela multidisciplinar

Já lhe falamos dela, porque esta jovem húngara quer ganhar tudo. Como os grandes Van der Poel e Pidcock, ou suas adoradas Pauline Ferrand-Prévot e Marianne Vos, ele compete em ciclocross, MTB e estrada, e faz tudo bem. Quarta no Mundial de Estrada, quarta nos Jogos Olímpicos em mountain bike e revelação da última temporada de CX, embora tenha decepcionado em um Mundial ao qual chegou como favorita ao pódio. Nascida em 2001, ela ainda tem tempo para buscar uma tríplice coroa que parece inevitável. Com sua recente mudança de equipe para a SD Worx, que agora é gerenciada por Anna Van der Breggen, não ficaríamos surpresos se ele surgisse em uma das clássicas da primavera, como a Amstel Gold Race ou Flecha Valona.

Georg Steinhauser, escalador sobrinho de Ullrich

Terceiro em Il Piccolo Lombardia, segundo nesse último dia de montanha do Tour del Porvenir em que arrasou Carlos Rodríguez e vencedor da etapa final do Giro Ciclistico della Valle d'Aosta com quase 4 minutos de vantagem sobre seus rivais, este alemão de 20 primaveras chega a EF Education-EasyPost com o rótulo de grande escalador. Mas, além disso, sua história é a mais curiosa. Seu pai, Tobias, correu nos anos 90 com Mapei, Coast e T-Mobile, onde conheceu Jan Ullrich... e o apresentou a sua irmã, que foi esposa do campeão do Tour e Vuelta por mais de uma década. Ele cresceu o vendo em casa. Mais? Atualmente, ele está concluindo um EFP em Metalurgia pela manhã, enquanto treina à tarde. Talvez seja uma piada fácil, mas esse cara parece ser 'heavy metal'.

Luke Plapp, o contrarrelogista

Aos 21 anos, já foi campeão da Austrália no contrarrelógio (em 2021, à frente de Luke Durbridge) e, este ano, na estrada. Ele chamou a atenção das equipes profissionais pela primeira vez há um ano, quando enfrentou Richie Porte no Santos Festival of Cycling. Ele então foi para as Olimpíadas de Tóquio para competir na pista, onde conquistou o bronze ao lado da equipe australiana de perseguição. E, por fim, completou o ano sendo o segundo colocado no Mundial Sub-23 de Contrarrelógio. Hoje, ele é a nova contratação da Ineos, que também tem outras promessas como Magnus Sheffield ou Ben Tulett.

Milan Vader, o estreante do MTB

Um 'velho conhecido' para os leitores do Brujulabike, e o menos jovem dos presentes aqui, dá o salto para a estrada com 27, na Jumbo Visma de Primoz Roglic e Wout Van Aert. Campeão holandês de MTB, bronze no Europeu de XCO 2019 e segundo depois de Avancini na super-reduzida Copa do Mundo de 2020 com a KMC Orbea, não foram os seus resultados nesta disciplina que levaram à sua contratação, mas os testes de desempenho realizados durante uma das concentrações da esquadra em Alicante. Na etapa com o 'sterrato' da Vuelta a la Comunidad Valenciana terminou num honroso décimo terceiro lugar, e agora vamos vê-lo na Strade Bianche (claro), Itzulia, Flecha Wallona ou Liège. Aliás, Victor Koretzky também fez a transição, no caso dele com a equipe francesa B&B Hotels-KTM.

Martin Svrcek, o 'novo Sagan'

Aos 18 anos, este eslovaco vai juntar-se às fileiras da Quick-Step Alpha Vinyl apenas a partir de julho, pelo que terá alguns meses para provar a sua qualidade. Mas no ano passado ele venceu 15 corridas júnior, incluindo a geral do Tour de Leman. Como descrito em sua equipe atual, ele é um corredor muito completo, forte nas subidas e com uma grande velocidade máxima. Por isso, e por causa de seu país de origem, ele lembra muito Peter Sagan. Prêmio para o sobrenome mais impronunciável do ano? Uhhmm... espere um segundo antes de dá-lo.

Cian Uijtdebroeks, o 'próximo Remco'

Ele é belga, como Evenepoel, varreu os juniores, como ele, é capaz de vencer em clássicas com percursos quilométricos, em provas de etapas e em contrarrelógio, e também passou direto para profissionais, antes de completar 19 anos (ele fará em uns dias). Neste caso, com o Bora-Hansgrohe. Tudo isso explica por que, segundo a mídia, um homem de 22 anos recém completados já tenha um 'sucessor'. No entanto, ele rejeita as comparações e afirma que prefere crescer mais devagar do que o menino maravilha da Quick-Step. Por enquanto, ele tentará deixar lampejos de sua qualidade no Tour dos Alpes, no Tour da Noruega ou no Tour de Porvenir. Ah, outra coincidência com o Remco: também será mais fácil conhecê-lo pelo primeiro nome. Cian. 

Tobias Halland Johannessen, o especialista em voltas

Este norueguês com projeção incrível (no ano passado venceu o Tour del Porvenir, ficou em segundo lugar no 'Giro baby' e terceiro no Liège-Bastogne-Liège Sub-23) tem a desvantagem de ter assinado pelos próximos 3 anos com a equipe de seu país, o Uno-X, categoria ProTeam. O que significa que, dado o excesso de equipes francesas, italianas e espanholas, ele certamente não poderá participar de nenhuma grande volta. O que é uma pena, porque é aí que ele pode se destacar. Até agora, ele já venceu uma etapa e terminou em 3º na geral na Étoile de Bessèges. Muita atenção a sua participação na Volta a Catalunya, porque ele aspira à vitória final. Seus companheiros de equipe dinamarqueses Jacob Hindsgaul (vencedor do Tour de Antalya) e Anton Charmig (vencedor da etapa do Tour de Omã), que não são mais neo-profissionais, também estão de volta neste início de temporada, mas estão dando muito o que falar. Então, quem sabe, talvez nos próximos anos eles ganhem uma wild card para (ou um lugar por direito próprio) o Tour de France.

Juan Ayuso, a esperança espanhola

Ok, ele já correu vários meses no ano passado nos profissionais com a UAE Team Emirates de Tadej Pogacar's, mas esta será sua primeira temporada completa, e poderemos vê-lo aos 19 anos em lugares como Amstel Gold Race, Flecha Wallona ou Dauphiné. Depois de se destacar na juventude e se impor com avassaladora autoridade no 'Giro baby' no ano passado (depois sendo forçado a abandonar o Tour del Porvenir e o Mundial Sub-23), muito se espera dele. Acima de tudo, porque chega em um momento em que o ciclismo espanhol está com fome de triunfos. Junto com Carlos Rodríguez e Raúl García Pierna, ele representa o futuro de nosso país. Todos os três têm boa velocidade máxima, além de serem capazes de vencer nas montanhas. E algo dessa 'presa' vencedora de Valverde, Purito Rodríguez ou Samuel Sánchez nos fazia falta.

E o bônus: Bas Tietema, o youtuber

Este holandês estreia com a Bingoal Pauwels Sauces WB, na categoria ProTeam, aos 26. ... e com uma história mais que curiosa. Há quase 8 anos, era um corredor de futuro, com conquistas como o terceiro lugar no Paris-Roubaix Sub-23. Mais tarde, em 2018, teve que desistir do ciclismo por problemas físicos, e se reinventou como um youtuber de sucesso. Na verdade, seu canal, Tour de Tietema, pode soar familiar para você. Com 125 mil inscritos, ele é um dos mais seguidos desse esporte na plataforma. Agora, ele chega ao profissionalismo para realizar seus sonhos... E também para trazer alguma notoriedade aos necessitados patrocinadores do pequeno time belga, digamos assim. Teremos que rezar para que a coisa não fique na moda e acabe juntando ao pelotão toda classe de estrelas das redes sociais.