A UCI encerra as transmissões da Red Bull TV da Copa do Mundo de MTB
O grupo americano Discovery está de olho no ciclismo. Claramente, há alguns anos, a intenção dos proprietários da Eurosport e da GCN é tornar-se a referência audiovisual neste esporte, e eles estão conseguindo isso passo a passo. A última acaba de ser dada, e é bastante importante, porque a UCI anunciou que está encerrando as transmissões da Red Bull TV da Copa do Mundo de MTB, a partir de 2023. A partir desse momento e por 8 anos, o Discovery será responsável tanto pela organização quanto pela produção do evento.
O que significa o fim da Red Bull TV na Copa do Mundo?
Nada menos de 10 anos, a Red Bull Media House, produtora da multinacional de energéticos, assumiu a transmissão da Copa do Mundo de MTB. Foi em 2012, quando substituiu o Freecaster.tv, e conseguiu torná-la um sucesso. Tanto que, em 2018, renovou o contrato com a UCI por mais 4 temporadas, até 2021. Assim podemos falar desta última década como um dos momentos chave na popularização desta modalidade; sem ir mais longe, a própria UCI garante que a Red Bull conseguiu “aumentar significativamente as audiências da competição nesse período”.
A verdade é que ainda poderemos continuar desfrutando de suas transmissões ao longo de 2022 (a Copa do Mundo começará em 26 de março com o downhill em Lourdes, e depois teremos XCO e XCC em 8 de abril em Petrópolis), antes de deixar para Discovery Sports Events tomar conta. Este é, desde setembro do ano passado, o novo nome do que há 15 anos era conhecido como Eurosport Events. Ou seja, a filial do grupo dedicada à promoção e gestão de eventos desportivos, que trabalha sobretudo nas áreas de automobilismo e motociclismo, mas que também está entrando rapidamente no ciclismo.
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E é um verdadeiro gigante: em 2021 organizou “28 eventos com mais de 3.000 horas de cobertura internacional multiplataforma” e 800 milhões de pessoas como audiência total, segundo as informações fornecidas por eles. Seu último grande acordo também foi com a UCI, já que eles são responsáveis ??pela nova Champions League de Ciclismo de Pista, que nasceu em novembro passado.
Agora, de acordo com um comunicado da União Ciclística Internacional, eles foram os vencedores do concurso público de licitação aberto para substituir a Red Bull TV na Copa do Mundo de MTB. E no momento as duas partes estão em processo de negociação, para definir bem todos os aspectos esportivos, comerciais, de produção e transmissão que o contrato incluirá. “A Discovery Sports entrará em contato com os organizadores das provas da Copa do Mundo de Mountain Bike da UCI 2022, bem como com aqueles que manifestaram interesse em sediar um em 2023 e 2024”, destaca ainda a nota emitida pelo órgão com sede na Suíça.
A aposta da Discovery pelo ciclismo
Desde que se tornou acionista da Eurosport em 2012, a Discovery (que, recordemos, foi patrocinadora da equipe de Lance Armstrong entre 2005 e 2007) tem procurado posicionar-se como líder no mundo do ciclismo, talvez por ter sido historicamente muito maltratados pelas redes de televisão tradicionais, apesar de suas altas audiências. Desde então, adquiriu os direitos (exclusivos ou não) da maioria das grandes provas europeias, tanto em estrada como em ciclocross e pista.
E inclusive entrou em negociações com a RCS, organizadora do Giro d'Italia, para substituir a emissora pública RAI na produção de imagens para todo o planeta. Embora isso finalmente não aconteça, será uma empresa independente, Euro Media Group (EMG), que o fará, como já está acontecendo no Tour de France.
Além disso, em 2018, o grupo americano ampliou sua oferta de ciclismo comprando a Global Cycling Network (GCN) e a Global Mountain Bike Network (GMBN). No ano passado, reorganizou suas redes esportivas, reunindo-as sob alçada da Discovery Sports (simplesmente, sem 'Events'). E, neste exato momento, está em um ponto chave de sua história, pois está em meio a uma fusão com outra gigante do entretenimento, a WarnerMedia (proprietário do estúdio Warner Bros., CNN ou HBO, entre outros). Resta saber o que isso significa para o mountain bike, mas certamente é esperado um novo salto de qualidade e acesso ainda maior ao público em todo o mundo.