Pogacar desafia a biologia: este estudo revela por que ganhar grandes voltas seguidas é quase impossível
No ano passado, Tadej Pogacar alcançou o feito de vencer o duplo Giro-Tour, uma façanha que ninguém conseguia desde que Marco Pantani a realizou em 1998 e que se acreditava impossível diante da exigência do ciclismo atual. Agora, um estudo científico que analisou o gasto calórico em atletas de resistência traz a chave do porquê é tão tremendamente difícil alcançá-lo.

O gasto calórico se apresenta como elemento chave na hora de limitar o desempenho do ciclista durante períodos prolongados
Um recente estudo publicado na revista científica Current Biology sugeriu que o gasto calórico poderia ser um importante elemento limitador no desempenho de atletas de resistência em um período amplo de tempo em torno de 30 semanas.
As implicações das conclusões obtidas por este estudo explicariam em grande parte porque é tão difícil encontrar dois ciclistas que possam render ao máximo nível em duas corridas de 3 semanas consecutivas no mesmo ano.
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E é que a exigência do ciclismo atual implica gastos calóricos desproporcionais, o que obriga também a manter uma nutrição extremamente precisa a fim de poder fornecer ao organismo tudo o que ele gasta. Um gasto calórico que, durante uma corrida como o Tour de France, pode chegar a multiplicar entre 4 e 5 vezes a cifra marcada pelo metabolismo basal.
Segundo sugere este estudo, não é possível manter um gasto tão desproporcional durante um longo período de tempo e o próprio organismo acaba limitando o gasto calórico máximo a 2,5 vezes o metabolismo basal. Isso significa que o ciclista não conseguirá realizar esforços tão grandes que exijam um gasto de calorias desmedido, já que seu organismo decidiu que não pode sustentar esses níveis de consumo e, portanto, o desempenho diminui.

Apesar de ter obtido esses resultados sobre a amostra do estudo, 14 atletas de resistência, entre os quais estavam profissionais, corredores de ultramaratona, triatletas e ciclistas de elite, onde ficou patente que, após cerca de 30 semanas, seus organismos limitavam o gasto calórico máximo, não se conhecem os mecanismos pelos quais isso ocorre. No entanto, uma das possibilidades citadas refere-se a alguma limitação na forma como o organismo digere e absorve os nutrientes, o que poderia abrir a porta para que a nutrição esportiva atual investigue para poder romper essa barreira.
Por enquanto, façanhas como as de Tadej Pogacar continuarão a estar apenas ao alcance dos escolhidos, embora, quem sabe, talvez no futuro vejamos mais ciclistas dobrando ou até mesmo enfrentando as três grandes no mesmo ano com um papel de aspirante à geral em todas elas.