Entrevista com Nino Schurter após sua vitória em Petrópolis: "Não preciso encontrar motivação para vencer"

No ano passado voltou a vestir a camisa de campeão mundial e nesta temporada a estreou vencendo a Copa do Mundo em Petrópolis. Não há dúvida de que Nino Schurter está de volta e tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas sobre seu bem-sucedido início de temporada e o que acha que foram as chaves para reencontrar-se com a vitória.

Entrevista com Nino Schurter: "Há décadas não jogamos no mesmo campo com a mesma bola. O mountain bike, incluindo atletas e equipamentos, está em constante evolução

No Brasil você conquistou a medalha de ouro olímpica em 2016 e agora conseguiu igualar as 33 vitórias de Absalon. Como foi a experiência na nova Copa do Mundo de Petrópolis? Você acha que será uma prova que ficará no calendário?

A Copa do Mundo de Petrópolis foi muito especial. A atmosfera era extraordinária. A energia do público me fez correr ao máximo. Algo que às vezes me faltava durante as crises do Covid. Finalmente ganhar uma Copa do Mundo depois de 3 anos de espera foi muito emocionante para mim. Mais emocionante do que o fato de ter igualado o recorde de Julien.

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E sim, espero que voltemos a Petrópolis para outras Copas do Mundo.

Esta é sua primeira vitória na Copa do Mundo desde 2019. Você teve que mudar muitas coisas para que isso acontecesse? Como você tem vivido esses anos?

A verdade é que não. Continuei fazendo o que acho que funciona melhor para mim. Às vezes, estar muito perto de vencer, como no ano passado em Albstadt, me deu esperança de saber que era apenas uma questão de tempo. Mas novamente. Correr sem espectadores não era realmente minha praia. Os espectadores são uma parte importante das corridas. Quanto mais barulhento os espectadores e mais pressão houver, melhor eu correrei!

Sua perseverança é incrível considerando que você já ganhou tudo neste esporte, onde você encontra a motivação para continuar treinando, melhorando e vencendo?

Eu não preciso encontrar a motivação. Fazer o que eu gosto me dá motivação suficiente em todos os momentos. Bem, quase sempre...

Este ano você começou a temporada muito cedo com sua vitória no Tankwa Trek, depois veio o Cape Epic e agora essa vitória, quais objetivos você tem daqui para frente? É uma prioridade para você estabelecer um novo recorde de vitórias na Copa do Mundo?

Adoro corridas por etapas e acho que é uma boa maneira de começar a temporada. No entanto, de agora até o final da temporada, as corridas de XCO com a Copa do Mundo e o Campeonato Mundial são minha prioridade.

Falando do Cape Epic. Não é comum ver você furar e na África do Sul você teve muito azar com esse problema. Você analisou o que poderia ter acontecido?

O Cape Epic foi realmente frustrante ao encontrar-me com tantos problemas. Não apenas pelos furos. Às vezes você tem sorte, às vezes azar. E sorte é algo que infelizmente você não pode controlar. Os furos tiveram motivos diferentes e nada têm a ver com os pneus ou com a própria bicicleta. Foi uma cadeia de infortúnios que aconteceram em um curto período de tempo. Como uma pessoa otimista que sou, acredito e espero que isso seja tudo para esta temporada. O golpe de sorte no Brasil foi um bom sinal de que o positivo está de volta.

Nos últimos 10 anos, o XCO mudou tanto que parece uma modalidade diferente e você tem sido uma das melhores testemunhas disso. Para finalizar, gostaríamos de perguntar qual você acha que foi a mudança mais importante no material: o tamanho da roda, a suspensão dupla, a geometria, etc.

Essa é uma grande pergunta que precisa ser respondida. Cada parte da bicicleta evolui à medida que se desenvolve o mountain bike de competição. Quando os circuitos se tornam tecnicamente mais exigentes, com rock garden, grandes saltos e drops, a suspensão se desenvolve de acordo, as rodas ficam maiores, os pneus têm mais volume e os aros ficam mais largos. É uma evolução constante das necessidades dos atletas. Eu realmente gosto desse aspecto do esporte. Não jogamos no mesmo campo com a mesma bola há décadas. O mountain bike, incluindo atletas e equipamentos, está em constante evolução.