Pela primeira vez na história, a UE dá prioridade ao ciclismo em espaços urbanos
As grandes cidades e os principais centros de transporte europeus devem ser mais 'bike-friendly' a partir de agora. Porque, numa revisão sem precedentes da sua estratégia de mobilidade, por fim a UE prioriza às bicicletas nos espaços urbanos. Uma mudança que levou a Federação Europeia de Ciclistas a afirmar que estamos em um momento “histórico”.
Em que consiste a estratégia da UE?
Dentro do plano conhecido como Pacto Verde, a Comissão Europeia (o governo comunitário) apresentou recentemente um pacote de medidas que chama Efficient and Green Mobility Package. Antes de mais nada, há que esclarecer que por agora se trata de uma proposta, nada mais, e que tem de passar por todo o árduo processo legislativo europeu, com a aprovação do Parlamento e do Conselho.
Mas, com isso, a UE quer que o setor de transportes reduza suas emissões em nada menos que 90%. E como? Bem, entre outras coisas, exigir que 424 grandes cidades criem planos de mobilidade urbana sustentável até 2025. Especificamente, estes são os que compõem a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), que na Espanha funciona as 5 grandes (Madri, Barcelona, ????Sevilha, Valência e Saragoça) a outras de média dimensão, como Algeciras, Palma ou A Coruña).
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Nestes planos, os municípios devem “promover a mobilidade sem emissões e aumentar e melhorar os transportes públicos e as infraestruturas para deslocações a pé e de bicicleta”, segundo o comunicado divulgado pela própria comissão.
Além disso, também proporão aos Estados Membros o desenvolvimento de planos nacionais para auxiliar os municípios nessa transição. "Não há uma única cidade na Europa que não tenha a ambição de ir nessa direção", destacou o vice-presidente da Comissão para o Pacto Verde, o holandês Frans Timmermans.
Uma tendência positiva
A comissária dos Transportes, Adina Valean, assegurou em entrevista coletiva que "todos sabemos que as entregas ao domicílio nas zonas urbanas dispararam, o que significa mais trânsito e poluição". Por isso, o executivo comunitário recomenda “que as cidades, ao planejar como as pessoas vão se deslocar, prestem atenção à logística sustentável”. Ou seja, entre outros a bicicleta de compartilhamento.
Tudo isso é, sem dúvida, um impulso decisivo para um setor como o ciclismo urbano, que vive uma verdadeira explosão. É aqui que entram os modelos e as empresas de que lhe falamos recentemente, como a marca de e-bike Panot, nascida em Barcelona, ??ou a nova Cannondale Adventure Neo.
A verdade é que, nos últimos anos, a UE triplicou o seu investimento em iniciativas a favor do ciclismo. Entre 2007 e 2013, os gastos com estes planos foram de 700 milhões de euros, segundo dados da ECF, enquanto no período de 2013 a 2020, foram alocados entre 2.000 e 2.500 milhões (o valor exato só será conhecido em 2023... em Bruxelas, as coisas no palácio vão muito devagar).
E, em 2021, já publicamos que o uso de ciclovias dobrou no continente em apenas um ano. Por outro lado, há apenas um mês foi aprovada no Congresso dos Deputados a nova Lei de Trânsito, que altera a forma de ultrapassar ciclistas e endurece as penas para quem os colocar em perigo. Finalmente, parece que as autoridades começam a levar a sério o papel das duas rodas no cenário europeu e espanhol.
Artigo escrito por Iván Fombella.