Idade e ciclismo profissional: cada vez ganham mais jovens e mais velhos

Autoestrada 04/01/22 00:58 Guilherme

Remco Evenepoel, Tadej Pogacar, Thomas Pidcock, Egan Bernal, Marc Hirschi… A lista de corredores que nos últimos tempos se tornaram estrelas de primeira linha aos 21 anos ou antes é extremamente extensa. Todos nós já sabemos que a juventude hoje manda. Mas o que se comenta muito menos é que, ao mesmo tempo, a vida profissional dos 'cracks' está cada vez mais longa. Tudo o que pensávamos saber sobre o ciclismo de elite e idade está agora em questão. Existem limites?

A idade no ciclismo profissional é esticada para cima e para baixo

Talvez o exemplo mais paradigmático, ‘a foto’ desta tendência deva ser encontrada no pódio da Volta da Espanha 2019. Lá se encontraram, na segunda e terceira posições, Alejandro Valverde e o já citado Pogacar. Um com 39 anos e outro com 20. Quase duas décadas de distância.

Os dois seguem competindo até hoje, aliás, e se o espanhol vencer uma etapa de uma das grandes desta temporada (o que não é fácil, mas também não parece loucura) ele se tornaria, aos 42 anos, o homem mais velho a consegui-lo. Um feito e tanto que com certeza o motivará ainda mais.

Mas esses não são casos isolados. Acontece que o Top 5 dos vencedores mais novos do Tour de France são compostos pelo prodígio esloveno e Egan Bernal, junto com corredores do início do século XX; isto é, quando esse esporte mal havia se tornado profissional. Há até quem defenda a redução da idade máxima da camisa branca, para que o líder da classificação geral nem sempre coincida com o desta classificação.

O mesmo vale para o Tour del Porvenir, onde Gaudu, (mais uma vez) Pogacar, Superman López, Quintana, Bernal ou Barguil dominam entre os mais jovens de todos os tempos. E o que dizer das esperanças do ciclismo espanhol, que hoje repousa sobre um menino de 19 anos, Juan Ayuso, e outra dupla de 20, como Carlos Rodríguez e Raúl García Pierna.

E, por outro lado, o mais velho a vencer em uma grande volta foi Chris Horner, apenas 8 anos atrás, em 2013. Ele fez isso com quase 42. E, embora ninguém tenha chegado perto de novo, outro Chris (Froome, neste caso) também foi um exemplo de resistência à passagem do tempo.

Fez seu primeiro Tour aos 28 anos, mas em seu último Giro já havia completado 33. Este ano, quando fará 37, seu sonho continua a ser completar o repóker na França, embora pareça cada vez mais distante.

Mas não para por aí: os outros dois grandes líderes da Sky na última década, Bradley Wiggins e Geraint Thomas, ficaram com a amarela aos 32; Richie Porte finalmente subiu ao pódio aos 35, e Mark Cavendish pegou a camisa verde aos 36. Isso, sem falar no feminino, onde Annemiek Van Vleuten arrasou no ano passado aos 38.

O segredo: técnicas de treinamento e medicina esportiva

No passado, presumia-se que o pico dos ciclistas chegava aos 27-28 anos de idade. E, para obter o melhor possível até aquele ponto, muitas vezes se poupavam esforços e lhes protegiam, primeiro como amadores e depois mesmo em seus primeiros anos como profissionais. O caso de Miguel Induráin é talvez o mais óbvio: apesar de ter se tornado líder mais jovem da história da Vuelta com 20 anos e 8 meses, a equipe Banesto só foi posta para trás quando ele completou 26 anos.

Mas, nos últimos anos, a progressiva profissionalização das categorias inferiores (especialmente em lugares como Bélgica, Reino Unido ou Colômbia) e o avanço das técnicas de treinamento colocou o foco em meninos na faixa dos 20 anos. Algo quase inédito desde os anos 1960, com exceção de alguns casos isolados: Fignon, Ullrich, Berzin ou Cunego, todos baixaram o rendimento logo após a eclosão.

Essa é, de fato, a grande questão hoje: será que a nova geração será capaz de manter seus números incríveis ao longo dos anos? Ou veremos uma sucessão interminável de campeões novatos? Muitos sugerem que a vida esportiva de Evenepoel ou Van der Poel não continuará além dos 30 anos.

Embora talvez isso também possa mudar, graças às outras disciplinas que estão mudando o mundo do ciclismo. Estamos falando sobre os avanços na nutrição e na medicina esportiva, que estão fazendo com que os corredores mais motivados, como ‘el Bala’, fiquem mais tempo na elite. Técnicas que, aliás, estão chegando cada vez mais 'às ruas'. O tempo segue sendo um tirano para os que sobem na bicicleta ..., mas cada vez menos.

Artigo escrito por Iván Fombella.

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